sábado, dezembro 30, 2006

Saddam

Porque a falta de vontade de dormir (seria insônia?) me traz às letras. E porque resta o sentimento de que a comparação entre os tiranos de antigamente e os de hoje não é válida. Mas enfim, seguimos com a poesia.

Epitaph on a Tyrant
(W. H. Auden)

Perfection, of a kind, was what he was after,
And the poetry he invented was easy to understand;
He knew human folly like the back of his hand,
And was greatly interested in armies and fleets;
When he laughed, respectable senators burst with laughter,
And when he cried the little children died in the streets.

E, mudando de assunto, pergunto: é melhor a dúvida ou o silêncio?

sexta-feira, dezembro 29, 2006

Perturbação 2

When You Are Old
(W. B. Yeats)

When you are old and grey and full of sleep,
And nodding by the fire, take down this book,
And slowly read, and dream of the soft look
Your eyes had once, and of their shadows deep;

How many loved your moments of glad grace,
And loved your beauty with love false or true,
But one man loved the pilgrim Soul in you,
And loved the sorrows of your changing face;

And bending down beside the glowing bars,
Murmur, a little sadly, how Love fled
And paced upon the mountains overhead
And hid his face amid a crowd of stars.

Perspectivas econômicas para 2007

Conforme prometido.

Em 2007, do ponto de vista econômico, os agentes continuarão sendo racionais; o investimento permanecerá como chave do crescimento; emissões monetárias em proporções desaconselhavelmente grandes continuarão sendo inflacionárias e os ganhos de troca continuarão existindo.

quarta-feira, dezembro 27, 2006

We'll always have Paris

**** ********** **** ******* ****** *** ** *** ******* *******, Paris Hilton ** ****** **** **** ***** ******. ******** *** ******* *** *** ******* ******* ** *** ****** **** ** *******.

Perturbação

The Hidden Law
(W. H. Auden)

The Hidden Law does not deny
Our laws of probability,
But takes the atom and the star
And human beings as they are,
And answers nothing when we lie.

It is the only reason why
No government can codify,
And verbal definitions mar
The Hidden Law.

Its utter patience will not try
To stop us if we want to die;
If we escape it in a car,
If we forget It in a bar,
These are the ways we're punished by
The Hidden Law.

Meeting
(W. B. Yeats)

Hidden by old age awhile
In masker's cloak and hood,
Each hating what the other loved,
Face to face we stood:
'That I have met with such,' said he,
'Bodes me little good.'

'Let others boast their fill,' said I,
'But never dare to boast
That such as I had such a man
For lover in the past;
Say that of living men I hate
Such a man the most.'

'A loony'd boast of such a love,'
He in his rage declared:
But such as he for such as me --
Could we both discard
This beggarly habiliment --
Had found a sweeter word.

terça-feira, dezembro 26, 2006

Dica

"Calma, eu estarei lá com o bonde do bem."

Para separar o joio do trigo. É simples, como usualmente é. Pelo menos quando se tem os princípios em mente. Os bons desejam passar tempo com aqueles melhores que eles, gostam dos debates nos quais provavelmente serão derrotados, quando se percebem ignorantes desejam saber mais e mais. Os outros, não.

"“That,” said Cebes, “seems sensible. But what you said just now, Socrates, that philosophers ought to be ready and willing to die, that seems strange if we were right just now in saying that god is our guardian and we are his possessions. For it is not reasonable that the wisest men should not be troubled when they leave that service in which the gods, who are the best overseers in the world, are watching over them. A wise man certainly does not think that when he is free he can take better care of himself than they do. A foolish man might perhaps think so, that he ought to run away from his master, and he would not consider that he must not run away from a good master, but ought to stay with him as long as possible; and so he might thoughtlessly run away; but a man of sense would wish to be always with one who is better than himself. And yet, Socrates, if we look at it in this way, the contrary of what we just said seems natural; for the wise ought to be troubled at dying and the foolish to rejoice.”"(Platão, Phaedo, transcreveria em português se não estivesse distante dos meus livros)

sábado, dezembro 23, 2006

A política em 2006

Escrevo porque alguns leitores (mentira) cobraram de mim sobre as declarações do Presidente segundo as quais quem é de esquerda e velhinho tem problema. Mas aproveito para também prosseguir com a retrospectiva 2006. Tudo isso em um único texto: uma comparação anatômica entre os principais candidatos à Presidência da República.

O Presidente afirmou: "se você conhecer uma pessoa muito idosa esquerdista, é porque ela tem problemas". Na minha modesta opinião, não passa de uma releitura barata do adágio:

"Aos quinze anos quem não é socialista não tem coração; aos quarenta, quem não é liberal não tem cérebro."


Pois bem, aos quinze anos o presidente não era socialista, mas aos quarenta o era.

Balanço geral:

O Presidente não tem:

- 1 dedo;
- Coração;
- Cérebro;
- Um fígado em perfeito funcionamento;
- Vergonha na cara;
- Não está no Kansas.

O candidato da oposição não tem:

- Cabelo;
- Inteligência política;
- Carisma;
- Coragem.

A primeira-dama tem:

- Sapatos vermelhos.

Retrospectiva 2006: a política no Brasil se tornou uma síntese bizarra d'O Mágico de Oz.

E semana que vem: perspectivas econômicas para 2007.

sexta-feira, dezembro 22, 2006

Elvis

Hoje eu mandei um email assim:

Prezado Comunista,

Muito obrigado pelo video. É sensacional, muito emocionante! Desejaria-lhe feliz natal, mas como eu sei que é uma comemoração burguesa não o farei. Desejo-lhe, contudo, um feliz ano novo pois essa é a época em que o planeta completa uma REVOLUÇÃO ao redor do sol.

Abraços,
Rato

O video em questão é esse:

quarta-feira, dezembro 20, 2006

Mau-humor

Prestem atenção, pois o que vem a seguir do ponto de vista lógico não faz o menor sentido.

Como todos são loucos, irracionais, problemáticos, eu não os consigo entender. Logo, sou incompreendido, exceto por três pessoas.

Só três pessoas são capazes de me entener, então. Duas delas só existem na minha imaginação e têm seios um tanto quanto desproporcionais. A terceira sou eu.

Nevertheless, esclareço que sou perfeitamente compreensível. Sou são, racional e não-problemático. Já todos são incompreensíveis mesmo, envoltos em algum mistério. Porque, afinal, há coisas que a mente humana simplesmente não consegue entender.

Termino com os versos perdidos de Edgar Alan Poe:

Quoth the raven
"Eu quero mais é que vocês se explodam"
(Menos você, você, você e você
Eu gosto de vocês).

domingo, dezembro 17, 2006

Não seja Mickey, meu amigo

Se você um dia já se descreveu com a frase "Ah, eu adoro ler um bom livro," você é um idiota.

"Veja bem meu senhor, nas horas livres eu adoro ler um livro ruim."

Tem gente que adora ler livro ruim, mas elas não sabem disso. Tampouco saem por aí dizendo isso, obviamente.

Poder de síntese

Retrospectiva 2006:

Plutão não é mais um planeta? Foda-se. O Brasil não é mais um país e vocês não estão comentando por aí.

quinta-feira, dezembro 14, 2006

Hear the trumpets, hear the pipers

E as notícias me fazem perguntar:

Cadê a escada dourada? Cadê a escada dourada? Um cara fazendo CPE do meu lado desapareceu do nada. Fodeu.

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Highway '61 revisited

Now the rovin' gambler he was very bored
He was tryin' to create a next world war
He found a promoter who nearly fell off the floor
He said I never engaged in this kind of thing before
But yes I think it can be very easily done
We'll just put some bleachers out in the sun
And have it on Highway 61.
(Bob Dylan)

terça-feira, dezembro 12, 2006

Entenda o que quiser

O fim de ano carrega consigo o sentimento de que o mundo vai acabar. Estou apreensivo. E não é por causa do Advento.

Porque quem fica no meio do tiroteio acaba tomando uma bala perdida.

Será que em 2007 a moçadinha vai perceber umas coisas? Ter umas epifanias? Não sei, tomaram muito leite com pêra durante a vida.

E sexta-feira: Garotas Suecas.

E em breve: Extinção.

domingo, dezembro 10, 2006

Stuck inside of mobile with the Memphis blues again


Well, Shakespeare, he's in the alley
With his pointed shoes and his bells,
Speaking to some French girl,
Who says she knows me well.
(Bob Dylan)

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Escolha um título

Porque a intuição faz parte do processo de conhecer. Faz mesmo? Anyway...

Eu fico me perguntando se há algo por trás da falta de formalismo ou se é pressa, o que no caso nos learia à questão se há algo por trás da procrastinação. Há sempre algo por trás? Particularmente, não sei se gosto muito dessa pergunta, ou melhor, do caso em que sua resposta é afirmativa, não é uma explicação simples. Ou bonita. Explicações simples e/ou bonitas são preferíveis às complexas e feias. Obviamente, devem ser explicações. Não vale preferir uma teoria que não explica nada (ou explica tudo) só porque ela é simples, you morons.

Mas existem aqueles (e aquelas, este blog não carrega preconceitos sexuais) que mesmo com tempo sobrando ficam aquém no formalismo. Coisas simples como o desrespeito à norma culta (não no sentido do modernismo, seus filibusteiros - obrigado, Capitão Haddock). Eu acho que tem algo por trás disso, não sei o que, mas tem.

sexta-feira, dezembro 01, 2006

Ranting

Ou de como o modernismo estragou a língua. Essa coisa que, aliás, vem ditando as polêmicas nessa semana que acaba.

Porque a sacada da metáfora é a existência de uma intersecção no campo semêntico de duas palavras diferentes. Decorre que se pode se referir a uma delas pela enunciação da outra e, dado um autor minimamente competente, essa intersecção faz com que as pessoas, suposta mais uma vez a competência mínima, entendam uma coisa pela leitura da outra.

Decorre também, e isso é mais importante, que se não há essa bloody intersecção não existe espaço para a metáfora. Ou seja, quando você escreve no Orkut que "A Dé é jaboticaba" você não está mostrando para as pessoas como sua inteligência. Fim de papo. Away.

quinta-feira, novembro 30, 2006

Grandes encontros da humanidade

- Grécia antiga, Sócrates encontra Platão, nasce a filosofia.

- França século XVIII, Adam Smith entra em contato com as idéias dos fisiocratas, de volta à Escócia escreve a Riqueza das Nações, nasce a economia.

- Nova York, bastidores do programa de Ed Sullivan, década de 1960, os Beatles encontram Bob Dylan, o rock muda completamente.

- Las Vegas, 2006, Britney Spears encontra Paris Hilton...

segunda-feira, novembro 27, 2006

Abbey road, faixa quinze

O Tio Rei diz que não faz questão de ganhar, apenas de estar certo. Eu também. É mais uma daquelas escolhas acertadas que fazem sua vida ficar um pouco pior, que trazem preocupação.

Problemas difíceis não têm solução fácil. É impossível resolver de forma fácil um problema difícil. É o Teorema da Impossibilidade de Rato. Porque, afinal, é pelo processo de resolução que se deve resolver o problema. Os meios e os fins são coisas bem mais próximas do que se admite. Máxima olímpica:

"The essence lies in not in the victory but in the struggle."

sábado, novembro 25, 2006

Prosseguindo

Continuando com a programação normal. O fogo que meu amigo P. roubou.

É tudo muito simples, na verdade. Independentemente das sociedades das abelhas, das matilhas de lobos e do número de neurônios que têm os golfinhos. Não se pode comparar Sócrates, Platão e Aristóteles com Lassie, Flipper e Rin-tin-tin.

E por mais que saibam manipular os donos, os cães não têm consciência de sua inevitável morte. Caso contrário, não abanariam o rabo com tanta frequência. Pararei por aqui visando evitar algum insulto.

sexta-feira, novembro 24, 2006

Será?

Eu ia escrever sobre o fogo dos deuses que Prometeu roubou e entregou aos homens. E como ela sabe disso quando eu menciono Prometeu, o fogo dos deuses e os homens. Ou sobre aquela outra, a esquina da Rua Bennet com a Rua Orobó, os deuses do Olimpo e a minha cara sendo tirada. Mas me deparei com isso aqui e restaram as perguntas:

É ou não é? São ou não são? Língua?



E, logo, todos os outros assuntos ficam pra amanhã.

segunda-feira, novembro 20, 2006

Notícias

Paris + Britney - Calças = Post

quinta-feira, novembro 16, 2006

R.I.P.


Hoje morreu Milton Friedman, aos noventa e quatro anos. Liberals live longer, foi o que disse Friedrich Hayek, outro dos grandes e amigo do Uncle Milt. Que ambos descansem em paz.

"Underlying most arguments against the free market is a lack of belief in freedom itself"

terça-feira, novembro 14, 2006

Profecia

Um dia vai chover inteligência e a humanidade, sem saber o que fazer com ela, vai se afogar. Eu estou construindo minha Arca de Noé.

segunda-feira, novembro 13, 2006

Desolation Row


Cinderella, she seems so easy
"It takes one to know one," she smiles
(Bob Dylan)

domingo, novembro 12, 2006

Versalhes

O Palácio de Versalhes continua de pé. Pode-se visitá-lo viajando para Paris ou procurando cuidadosamente pela internet. As intrigas palacianas continuam provocando prazeres baixos naqueles incapazes dos prazeres altos. Os bailes e as caminhadas pelos jardins ainda existem, mutatis mutandis. As frases que são ditas na frente de todos e aquelas que só são ditas em grupos pequenos também. Os nobres não são mais os mesmos, mas continuam igualmente inúteis e despreparados para qualquer coisa que não a vida palaciana. A Revolução Francesa matou o Rei, a Rainha e desapropriou a nobreza. Capturou os primeiros enquanto estes fugiam de seus problemas indo para o exterior. Matou uns milhares deles próprios também, mas essa é outra história. Vox populi...

Porque, ao contrário do que Karl disse por aí, a história não se repete na primeira vez como tragédia e na segunda como farsa. A história se repete como uma encenação tosca das peças de Shakespeare. Os leais súditos que querem apenas usurpar o trono, os outros que enunciam contrários para pessoas diferentes, o monarca que faz planos que fatalmente dão errado, aquele correto e genuinamente leal que acaba executado por ordem do Rei.... Estão todos aí.

sábado, novembro 11, 2006

É o horário de verão

Postulado:

Afirmar que a vida não examinada não vale a pena ser vivida não implica afirmar que a vida mau examinada o seja.

Tampouco a vida mal examinada, by the way. Mas decorre que pode-se entender, ou dar alguns passos nessa direção, as pessoas na medida em que elas examinam a vida. Do exame saem as prioridades, os pensamentos e os interesses. E a partir disso entendemos as pessoas. A tese de doutorado de Marx tratou de Epicuro e Demócrito, por exemplo. E assim também entende-se as pessoas por aquilo que elas escolhem expressar. E é esse o grande problema da espiral de irrelevância. Porque, after all, o esqueminha "emissor-mensagem-meio-receptor" funciona. E também porque tratar de Epicuro é, inescapavelmente, não tratar de Platão, Aristóteles, pornografia, Lou Reed, futebol (futilbol?). Custo de oportunidade, como chamam os iniciados na ciência lúgubre.

Peço desculpas, é o horário de verão que me faz fazer essas coisas.

sexta-feira, novembro 10, 2006

Whatever

Porque eu tenho que escrever alguma coisa. Na verdade eu não tenho, mas acho que seria bom postar alguma coisa agora. Mas tá difícil, viu? O Julio Lemos faz tão melhor do que eu. E muitas vezes sobre as mesmas coisas. O que me deixa incomodado porque não faz muito tempo que eu terminei de ler O Náufrago e lá o joe se mata porque não conseguia tocar piano que nem o Glenn Gould. É verdade que colocar o Glenn Gould (e o Thomas Bernhard) no meio desse texto que eu escrevo só para escrever alguma coisa é um, humm..., disparate. Oh well... Mas ficam, enfim, mais uma vez, meus parabéns ao blog do Julio Lemos. Leia-o. Se fores intelente o apreciarás. Se não o fores não o apreciarás. Simples assim. E se vieres com "Rato, esse blog do Julio Lemos nem é tão bom assim, " receberás como resposta "Burro!" Daonde concluo que se você não quiser ser chamado de burro e, porventura, desconfiar que não vai gostar do blog do Julio Lemos, não o leia e simplesmente comente abaixo algo do tipo "Gostei." Termino com uma citação do Pynchon que, confesso, deixei passar pela primeira vez que a li, mas é muito boa e elucidativa e também com uma foto de eu, meu amigo Bretton e algumas bolas de sorvete de Guinness (a cerveja). Eu recomendo.

"But it was a neat theory, and he was in love with it. The only consolation he drew from the present chaos was that his theory managed to explain it." (Pynchon, V.)


terça-feira, novembro 07, 2006

Análise de equilíbrio

Eu fiz isso em alguma aula há algumas semanas.



Porque chega uma hora em que até a internet enche o saco.

Suzanne não é Susanne

Enquanto eu me vicio em Suzanne de Leonard Cohen ("And just when you mean to tell her / That you have no love to give her / Then she gets you on her wavelength / And she lets the river answer / That you've always been her lover") - música, aliás, embriagante, para dizer o mínimo - Dane me manda um scrap pelo Orkut contando um sonho que teve.

O sonho vai e vem e há no carro dela um frasco de remédios que eu esqueci lá: "algo tipo fluoxetina." Como o Código Jedi não tem um capítulo sobre farmacologia (OK, vou tentar falar menos do código daqui pra frente), fui procurar o que a fluoxetina faz e em quais medicamentos é possível a encotrar. Resumindo, a Dane ainda tem que me explicar porque o subconsciente dela acha que eu tomo fluoxetina e eu estou grato que não era sildenafil. Tudo isso enquanto eu me vicio em Suzanne do Leonard Cohen. Presságio?

Enquanto eu me vicio em Suzanne do Leonard Cohen, andam fazendo o que eu faço, por aí. Ou andam fazendo o que acham que eu faço, por aí. Melhor enunciado desse do que daquele jeito porque este blog não é hermético, está apenas codificado. Mas se está em um código que apenas o autor saiba, não seria por isso hermético? Não, não seria. Nada de mais, para falar a verdade.

E ai de quem comentar sobre Susanne do Weezer, ok?

sábado, novembro 04, 2006

Eu disse, eu disse

"Quando se preza pelos fundamentos – no fundo, a trilha sonora dos Flintstones – até o nonsense tem sentido. É possível brincar de Monty Python, mas não é possível ser feliz com a mentalidade de Graham Chapman ou Eric Idle. Lewis Carroll e metade dos ingleses magrelos do início do século XX são tristes, inconsolavelmente tristes. Mas eles produziram obras-primas, de longe superiores em charme ao surrealismo francês, que é todo ele pretensioso (todavia *amiable*). O espírito inglês, quando cria o sem-sentido com senso de humor, está em uma espécie de ápice, conquanto numa ressaca; mas é preciso livrar-lhe de alguns dos seus pressupostos. Só mesmo um 'místico' inteligente, no sentido chestertoniano, pode apreciar a maravilha do nonsense." (Morte pela água)


Eu disse que o blog dele era melhor que o meu.

sexta-feira, novembro 03, 2006

A modernidade

Porque o processo histórico é preparado na cozinha de Cronos. Os assistentes de Cronos são um a um escolhidos para fazer os componentes da história. Um deles é encarregado do prato principal, os fatos. Liga o fogão aquece os ingredientes, algumas mortes, guerras, invenções. Termina tudo e fala "Away chef!" E assim por diante. Cronos junta tudo no prato e faz uma vistoria antes de mandar a refeição para o cliente.

E a modernidade não foi criada de jeito diferente. Preparou-se o prato principal, as entradas, os acompanhamentos. O molho, um caldo gostoso, foi preparado pela baiana que Cronos acabara de contratar. Negra, gorda, vestida de branco, cometeu um ou dois equivocos na preparação do molho. Desconsolada, falou para o chef.

"Ih, seu Cronos, o zaitgaist desandô!"

"Não faz mal, não faz mal!"

quinta-feira, novembro 02, 2006

Zeitgeist

"When the historical process breaks down and the armies organize with their embossed debates the ensuing void which they can never consecrate, when necessity is associated with horror and freedom with boredom, then it looks good to the bar business."
(Auden, W. H., The Age of Anxiety: A Baroque Eclogue)



Os tempos são ótimos para os donos de bar. E Tatooine, lugar que vocês deviam visitar, é tão calmo. Digo,inclusive, que Tatooine está para os nerds como Innisfree está para os highbrow. Se não podem ir a nenhum desses lugares, fiquem com Glenn Gould e as Variações Goldberg. Mas não se iludam, estamos em uma guerra.

E em breve: Extinção.

quarta-feira, novembro 01, 2006

Bem aventuradas são as tartarugas

O Código Jedi, esse auto-censor, me impediu de postar acerca dos determinantes filosóficos da minha falta de interesse em fotos e imagens. Resta a dúvida de que, talvez, não o esteja interpretando corretamente. Melhor para vocês que iriam ler mais uma vez aquelas coisas chatas de matéria e espirítio, imanência e transcendência, etc. Ia escrever mais alguma coisa mas esqueci o que. Sugiro então que leiam o blog do Julio Lemos que é melhor que o meu e, certamente, que os seus. Hora do almoço.

terça-feira, outubro 31, 2006

Vai ser gauche...

"Gutknecht, um parlamentar em sexto mandato, não está sozinho. Reublicanos que planejaram usar a baixa taxa de desemprego, os baixos preços da gasolia e um aquecimento do mercado de ações como uma arma contra o descontentamento com a guerra no Iraque e com os escândalos envolvendo congressistas estão desconbrindo que seus argumentos são pouco eficientes." ("Bush e seu partido perdem o apoio da classe média", Valor Econômico, 31/10/2006, A18)


PIB per capita do Brasil (2004): US$ 8.327,67 (em PPP).
PIB per capita dos EUA (2004): US$ 39.497,67 (em PPP).

The prosecution rests.

segunda-feira, outubro 30, 2006

Visions of Johanna


But Mona Lisa musta had the highway blues

You can tell by the way she smiles

(Bob Dylan)

domingo, outubro 29, 2006

Não é ressaca

Porque esse laissez-faire é na verdade uma posição moral. Ele parte da premissa que cada um é responsável pelos seus próprios atos e livre para decidir e fazer (desde que não preudique diratamente um outro.... mas eu não preciso explicar isso pra vocês, correto?). O fato é que a parte do "Não dá pra viver tentando fazer os outros verem que tão errando" é uma questão periférica, o que nos concede muitas vezes uma quantidade desaconcelhável de problemas e inquietações.

Porque, ao contrário daquela menina bonitinha mas ordinária que seu amigo namorou por três anos (um de sexo e dois de tentativas de terminar a relação), essa posição não é nada fácil. Ela está bem longe da resignação. Se você é do tipo de pessoa que tem o cérebro e os colhões (ou os equivalentes metafórico-anatômicos femininos) para entender esse posicionamento e o levar adiante, você é do tipo de pessoa que percebe, na maioria das vezes, exatamente no que estão as pessoas errando. É ouvir uma frase, é olhar para um prato de comida ou um copo de bebida, é receber um convite para ir ao cinema em um daqueles horários as pessoas que acertam não vão ao cinema. Enfim, você percebe o erro e, moralmente, não se permite agir para o corrigir. No máximo tenta uma conversa que, de antemão, sabe que tem grandes chances de terminar não muito bem.

Se engana quem acha tal posicionamento confortável. Não há nada mais angustiante. E muita "esperança" (pra não usar aquela outra palavra que espanta a moçadinha nos dias de hoje) é necessária.

Agora, com licença, vou votar.

quinta-feira, outubro 26, 2006

Só pra lembrar

Havia me esquecido daquela galerinha esperta do Olimpo que passa seu tempo livre tirando com a minha cara.

Justo hoje, quando me perguntaram: "Você acredita na providência?"

Providência, previdência, provisão, previsão. Podem continuar tirando com a minha cara. Whatever.

E sono, leitor(es), sono.

quarta-feira, outubro 25, 2006

Os prazeres da literatura

"Abominava as pessoas que não refletem muito bem antes de falar, ou seja, abominava quase toda a humanidade."

(Thomas Bernhard, O Náufrago)

domingo, outubro 22, 2006

Nem sempre a imagem da besta

Acabei de assitir ao piloto de Studio 60 on the Sunset Strip e, confesso, ele deve um pouco aos episódios áureos de The West Wing. Explico: as duas séries são fruto da mesma pessoa, Aaron Sorkin. Continuando, ia dizendo que Studio 60 deve um pouco aos melhores episódios de The West Wing, como se Sorkin esteja ainda se aquecendo. Em outras palavras, o programa é só a melhor coisa na TV hoje em dia. O programa não emburrece o espectador, as atuações são competentes, as personagens bem construídas, os diálogos deliciosos. Bradley Whitford ainda tem um pouco de Josh Lyman, do mesmo jeito que Mathew Perry ainda tem um pouco de Chandler (e dele próprio), mas nada que chegue a impactar a qualidade do programa. E o texto, Deus salve o texto, é primoroso: inteligente, elegante, witty.

Obviamente, Studio 60 padece de todos os problemas e explora todas as vantagens dos programas de TV, mas o faz com uma classe inigualável. Não é aquele velho esquema "vamos-jogar-elementos-aleatórios-e-confusos-de-trama-para-prender-telespectadores" que ainda se percebe em vários programas por aí.

sábado, outubro 21, 2006

What goes on in your mind

What goes on in your mind?
I think that I am falling down.
What goes on in your mind?
I think that I am upside down.
Baby, be good, do what you should, you know it will work alright.
Baby, be good, do what you should, you know it will be alright.
I'm going up, and I'm going down.
I'm going from side to side.
See the bells, up in the sky,
Somebody's cut their string in two.
Baby, be good, do what you should, you know it will work alright.
Baby, be good, do what you should, you know it will be alright.
One minute born, one minute doomed,
One minute up, one minute down.
What goes on in your mind?I think that I am falling down.
Baby, be good, do what you should, you know it will work alright.
Baby, be good, do what you should, you know it will be alright.
(Lou Reed)


É interessante que nos quadrinhos (e nos meios dos super-heróis, em gral) os telepatas sigam, invariavelmente, dois tipos: os extremamente analíticos e os loucos ou soon to be loucos.

Ordenando as coisas, a idéia é que para ser telepata (ler/ver/presenciar o que se passa na mente dos outros) é necessária uma mente mais poderosa que todas as outras ou então a situação tende à loucura. Como se os telepatas incapazes de arbitrar entre o que é são e o que não, acabam por sucumbir à insanidade.

A questão relevante, contudo, é: mas essa relação ocorre apenas com os telepatas?

Se deu bem, Pol-Pot

No meu grupo de estudos favorito, o ano de 2007 começará com A República. Mas a república não sobrevive até lá.

No ground zero ainda encontram restos mortais do onze de setembro. Aliás, não entendo porque se chamam restos mortais. De mortais os restos não têm nada. Um dia tiveram, mas no presente momento nada mais têm. Enfim, cinco anos depois ainda encontram essas coisas por ali. Mas, como conclui (eu?) em uma discussão semana passada, "matança que não é feita pelos Estados Unidos não é matança." Quem é a medida de todas as coisas mesmo?

Na minha cabeça, eu procuro me controlar, me acalmar. Está funcionando, por hora. Não se preocupem, vocês serão os primeiros avisados se, porventura, o Código Jedi falhar comigo, ou, mais provável, eu com ele.

"Matança que não é feita pelos Estados Unidos não é matança." Os Estados unidos estão para a matança como a França está para o champagne.

sexta-feira, outubro 20, 2006

Ódio incontrolável

"Ninguém dorme de sutiã - exceto, talvez, as francesas." (Scarlett Johanson)

Pessoas de bem! Homens honrados do planeta! Convoco uma cruzada para eliminar esse mal que é Michael Bay!

quinta-feira, outubro 19, 2006

Quem foi?

Ok, ok, muito engraçado! Gostei da brincadeira, foi divertido. Agora respondam. Quem foi o filho da puta que entrou no meu Orkut e, munido de um perfil falso, deixou um scrap dizendo que eu sou "bem gato"?

De resto tenho tido vontade de entrar em umas polêmicas por aí mas tenho me controlado. É o que manda o Código Jedi.

quinta-feira, outubro 12, 2006

Primeiro encontro (revisited)

Saíram. Comeram e beberam. Riram e se divertiram. Ela até admitia que ele era um cara charmoso. Ele tinha certeza que ela era a mulher mais graciosa de todo aquele hemisfério.

Na volta, ele, cavalheiro que era, mas não apenas por isso, acompanhou-a até a porta de sua casa.

"Sabe? Eu gostei muito dessa noite," disse ela, olhar fixo nos olhos dele. "Eu também gostei muito," respondeu ele.

Ficaram se olhando em silêncio por alguns instantes, daqueles que parecem eternidades, sem saber muito bem o que fazer ou dizer. Ele, tentando contornar a timidez, começou "Se você fechasse os olhos e inclinasse o rosto um pouquinho pra esquerda, a noite pode terminar dum jeito perfeito."

Ela fechou os olhos e inclinou o rosto. O gracioso rosto.

"Esquerda, pô!" respondeu ele e saiu em direção ao carro. Afinal, como poderia se relacionar com alguém que não sabia o que era esquerda e direita. Só no meio do caminho que lembrou que a esquerda dela era a direita dele.

De volta

Estou de volta. Para falar a verdade, não queria tanto assim estar de volta. Faço-o mais por dever moral do que por alguma outra coisa. Como meu irmão Martim Vasques da Cunha sempre me recorda: "temos um país a por abaixo."

Um país a por abaixo. É fato que o Brasil sobreviveu à minha ausência. É fato também que o modo como escolhemos expressar as coisas pode passar impressões diferentes do que realmente aconteceu, mesmo que não enunciemos nada de falso. Também é fato que no Brasil piada precisa de tecla SAP. Enfim, dever moral e um país a por abaixo, muito bom. Não apenas um país, é verdade, mas isso é digressão.

In a related story, Paris, nossa estrela-guia, foi escolhida para integrar um clube diplomático contra as ações nucleares da Coréia do Norte. Sempre soube que a menina tinha futuro.

Por fim, sobre a estadia em Tatooine digo que não foi nada de especial. Uneventul, inclusive. Nada de novo também. Digamos apenas que Obi-Wan passou seu tempo estudando mais profundamente o Código Jedi. Volto melhor do que saí e, acredito, o blog recomeça melhor do que parou. Valem as velhas regras.


There is no emotion, there is peace.
There is no ignorance, there is knowledge.
There is no passion, there is serenity.
(There is no chaos, there is harmony.)
There is no death, there is the Force.

domingo, setembro 24, 2006

Gone quiet

Digamos apenas que o Obi-Wan vai passar uns tempos escondido em Tatooine.

Volto em umas três ou quatro semanas. Se o Brasil não deixar de existir até lá. Ainda me podem encontrar no Terra à Vista, contudo.

I'll be wandering, hehe.

sexta-feira, setembro 22, 2006

Sem segunda Tróia

Fiquem postando suas músicas do Chico Buarque ou dos Strokes ou do Coldplay. Eu sou melhor que vocês e posto Yeats. E em breve estarei postando Auden. Prestem atenção no enjambment.

No Second Troy
(W. B. Yeats, 1910)

Why should I blame her that she filled my days
With misery, or that she would of late
Have taught to ignorant men most violent ways,
Or hurled the little streets upon the great.
Had they but courage equal to desire?
What could have made her peaceful with a mind
That nobleness made simple as a fire,
With beauty like a tightened bow, a kind
That is not natural in an age like this,
Being high and solitary and most stern?
Why, what could she have done, being what she is?
Was there another Troy for her to burn?

quinta-feira, setembro 21, 2006

Hedonismo

Então estava repassando pelas minhas anotações de História do Pensamento Econômico e encontrei a história de um ratinho. O ratinho me remeteu mnemonicamente a este texto.

E qual é a história do ratinho, pergunta o leitor ávido por conhecimento. Respondo.

Não sei o nome do ratinho, mas chamá-lo-ei de Ittennaig. Ittennaig foi criado por cientistas. Os cientistas colocaram um eletrodo junto ao hipotálamo de Ittennaig. O eletrodo era operado por um botão que quando pressionado fazia com que o primeiro soltasse uma descarga elétrica no hipotálamo de Ittennaig. A descarga elétrica provocava em Ittennaig sensações de prazer intensivo instantâneas.

Ittennaig passava todo o tempo apertando o botão. Morreu de inanição. Ittennaig desperdiçou o resto do seus dias viciado em um prazer vazio.

Ainda bem que pessoas e ratos são diferentes.

São?

O vídeo da Cicarelli

Eu ia escrver sobre como o vídeo da Cicarelli é uma grande síntese dos últimos tempos, mas não vou. Talvez porque ele não seja uma síntese dos últimos tempos. Mas, na verdade, eu acredito que seja. Mas, reitero, não escreverei sobre isso. Or will I?

Recapitulemos, Cicarelli transa em um local público, é filmada, chamada de "fogosa" e ainda diz que vai processar as pessoas que espalharam o filme pela internet. Argumento: sua privacidade foi invadida. Em suma, fez merda e está achando que não houve problema algum.

Mas eu não vou escrever sobre o vídeo da Cicarelli. Afinal, aqueles gregos baitolas são mais divertidos. Se você gosta de novela mexicana devia ler os mitos gregos. Mais dramalhão, impossível.

Prometeu, nosso velho amigo, depois de entregar o fogo aos homens foi acorrentado a um penhasco. Todo dia vinha uma águia comer seu fígado, que a noite se regenerava.

Epimeteu, irmão de Prometeu, fez cagadas ainda maiores: abriu a caixa de Pandora.

Vou parar por aqui: Epimeteu faz cagadas ainda maiores.

quarta-feira, setembro 20, 2006

Numerologia

A legião de Júlio César era, entre outras, a décima-terceira. César, como sabemos, cruzou o Rubicão junto com a décima-terceira e iniciou a Guerra Civil. Foi vitorioso, tomou Roma para si e se estabeleceu ditador. Tempos depois, o tirano de legião de número treze foi assassinado dentro do mesmo Senado cuja legitimidade ignorou.

A tristeza é que tanto os tiranos quanto os assassinos de tiranos eram melhores na Roma antiga.

Primeiro encontro

Primeiro encontro. Restaurante. Conversa barata. Emprego, família, passatempos, televisão.

"Adoro Sex and the City," disse ela. Ele respondeu algo como prefiro Mythbusters, tentou desviar o assunto. Ela, incauta, insistiu: "Não sei o que os homens têm com Sex and the City. Por mim, eu queria ser igual a elas."

Pânico. Ele tomou um gole da gin-tônica muitos mililitros superior ao de costume, levantou e disse: "Preciso ir, acabei de lembrar de uma coisa."

"O que?" ela perguntou.

"Que essas mulheres do Sex and the City são todas vagabundas." E foi embora. Nem ao menos se dignou a pagar a conta.

domingo, setembro 17, 2006

Main offender

I'm on my way, can't settle down.
Stuck in ways of being an ass and I've got a lot of nerve that I'm ready to pass.
I'm on my way, can't settle down.
Stuck in ways of sadistic joy and my talent only goes as far as to annoy.

Acordei com ceticismo e vontade de destruir. Já não publiquei três posts até agora. Se o Prometeu dentro de mim falhar os resultados serão interessantes.

sábado, setembro 16, 2006

Verdade do dia

Trocar um vício por outro não resolve problema algum.

terça-feira, setembro 12, 2006

Verdade do dia

Amizade é um negócio estranho.

domingo, setembro 10, 2006

Feliz aniversário

Escrevo porque desejar feliz aniversário no dia do aniversário do aniversariante é um conceito obsoleto. Também escrevo porque assim me foi ordenado. Não que eu seja alguém subalterno, mas certas pessoas obedeço com prazer, ou algo próximo disso, tipo resignação ou medo.

Mas é fato que Manoela, contrariando Titãs, completou ontem vinte e três anos de idade, número especial e simbólico porque é assim que quero. No contexto de ontem, comemorou-se o dia do nascimento dessa querida menina no meio de canções bregas de interpretações... como dizer... heterodoxas, bebidas com after-taste de saquê, lésbicas, japoneses e muita curtição! Um digno império do velcro!

Ano que vem tem mais.

sábado, setembro 09, 2006

Verdade do dia

O raciocínio abstrato é dádiva de poucos.

sexta-feira, setembro 08, 2006

Mais sorte

"O objetivo primeiro da educação superior é negativo e dissolvente: consiste em “desaculturar”, no sentido antropológico do termo: desfazer os laços que prendem o estudante à sua cultura de origem, às noções consagradas do “nosso tempo”, à ilusão corrente da superioridade do atual, e fazer dele um habitante de todos os tempos, de todas as culturas e civilizações. Não se pode chegar a nada sem um período de confusão e relativismo devido à ampliação ilimitada dos horizontes. Não basta saber o que pensaram Abrahão e Moisés, Confúcio e Lao-Tseu, Péricles e Sócrates, ou os monges da Era Patrística: é preciso um esforço para perceber o que eles perceberam, imaginar o que eles imaginaram, sentir o que eles sentiram. Não se preocupe em arbitrar, julgar e concluir. Em todas as idéias que resistiram ao tempo o bastante para chegar até nós há um fundo de verdade. Apegue-se a esse fundo e faça sua coleção de verdades, não se impressionando muito com as contradições aparentes ou reais. Aprenda a desejar e amar a verdade como quer que ela se apresente. Acostume-se a conviver com as contradições, já que você não terá tempo, nesta vida, para resolver senão um número insignificante delas. " (The O. C.)

Dia de sorte

É raro encontrar no Brasil alguma análise inteligente sobre os Estados Unidos da América. É ainda mais raro encontrar no Brasil alguma crítica aos Republicanos não calcada em preconceitos estúpidos. Estou com com sorte. Encontrei as duas coisas neste texto.

quarta-feira, setembro 06, 2006

De como passei a defender os fotologs

Se você me perguntar a quantas anda a situação de previdência no Brasil eu te responderei que anda capenga, mas não poderei oferecer nenhum detalhe. Evito sistematicamente ler qualquer texto que trate da previdência no Brasil (exceto aqueles que as obrigações academicas demandam - poucos, por sorte). O propósito é evitar a fadiga. Aliás, menos a fadiga do que a depressão.

Outra coisa que me deprime é a educação nos dias de hoje. Tempos atrás aos dezoito anos aqueles bem educados já dominavam toda a matemática da época, todas as ciências naturais, as suas respectivas línguas e grande parte do corpo filosófico existente. Hoje, aos dezoito aquele que consiga escrever em português pode ser considerado "jenho".

"Ai, Rato, como você reclama dos blogs!" Não é isso, caro leitor. Não é apenas nos blogs e não é apenas com a última flor do lácio. Nesse mundo de pessoas "cuja profissão é ensinar aos outros aquilo que não sabem" (jornalistas) e pessoas cuja profissão consiste em delimitar cuidadosamente uma área do conhecimento para poder opinar sobre tudo aquilo que está em volta (acadêmicos) a coisificação do mundo é inescapável. Contudo, eu não acredito que seja esse o preço a se pagar pela divisão do trabalho intelectual.

But I digress. Ocorre que como metade dos blogs são ilegíveis e a outra simplesmente não presta (exceto este, o Terra à Vista e o do Reinaldo Azevedo), passei a defender os fotologs. E não apenas pela possilidade de ver meninas de biquini, mas pelo fato da escrita lá ser muito mais escassa.

P.S.: Seeu um dia vier a explicar para vocês o que são externalidades, eu compartilho minha teoria de que blogs são externalidades.

terça-feira, setembro 05, 2006

Os mistérios do universo feminino

Hoje meu almoço foi... hum... abonado por uma vista não muito freqüente. A menina sentada na mesa frente à minha, a despeito do frio, resolveu vestir hoje uma daquelas calças com a cintura baixa e, consequentemente, expôs sua roupa de baixo. A calcinha era, naturalmente, da Victoria's Secret. Cor vermelha, um pouquinho rendada. Sua característica mais marcante, contudo, era o formato. Digamos apenas que ela por motivos de projeto arquitetônico tinha a parte do traseiro um tanto quanto estreitinha.

Para falar a verdade, eu não entendi nada da situação. Ocorre que eu, fervoroso adepto da doutrina que propõe uma relação unívoca entre o dia da semana e a roupa de baixo que sou, não consigo conceber calcinha vermelha enfiadinha numa terça-feira. Quinta ou sexta, talvez... Seria por que esta é uma semana de feriado? Ah, os mistérios do universo feminino!

sexta-feira, setembro 01, 2006

Tenho pensado

Tenho pensado em como não se tem mais respeito pelos argumentos como nos diálogos de Platâo. E em Alcibíades também. Aliás desenvolvi um enredo entre uma Sônia e um Alcibíades (não o Alcibíades), dois amigos, mas não escrevi nada porque tenho dúvidas em como o terminar (quem morrer, convenhamos). Tenho pensado na Paris, é claro. Em em como aquilo que parece mudar não muda e o aquilo que parece não mudar muda. Tenho pensado no ditado "diga-me com quem andas e eu te direi quem és" e em como a comunidade judaica por meio de suas mulheres têm roubado meus amigos (e seus respectivos corações). Tenho pensado se algumas pessoas são mais decifráveis que outras ou se é apenas um problema de percepção ou auto-engano. Em como eu gostaria que o próximo post se chamasse tenho concluído mas não se chamará. E em como a cretinice é generalizada e em muito mais...

quinta-feira, agosto 31, 2006

Macacos me mordam

Eu não ia postar mais nada hoje mas li uma notícia que não havia como não comparilhar com vocês: Paris foi mordida por seu macaco!

Não direi mais nada. Deixarei os comentários para que possamos conjecturar sobre as causas da mordida e que façamos piadas piores que aquela do título (piadas melhores serão repreendidas sem misericórdia).

O post inteiro que podia ter sido e que não foi

Eu estava abismado em como aparentemente as pessoas não têm mais massa cinzenta entre suas têmporas e sim ar. Em como as pessoas estão se tornando pastéis de vento. Então eu escrevi algo como três parágrafos sobre Thomas Pynchon.

Mas daí eu decidi não publicar. Salvei como rascunho. Quem sabe um dia desses eu compartilho com vocês.

Mas que as atenções, as percepções e as escritas estão em uma espiral de irrelevância elas estão. E o pior: a poucos links de distância.

quarta-feira, agosto 30, 2006

Disco novo do Dylan (um poema concreto)

Disco novo do Dylan
Disco novo do Dylan
Disco no vo do Dylan
Vô do Dylan
Vó do Dylan
Nalyd od ovon ocsid
Modern Times
Modern Dylan
Dylan time
Dylan Thomas
Thomas Pynchon

terça-feira, agosto 29, 2006

Eu não gosto de você, mas do seu pai eu gosto

Se eu um dia encontrar o Chico Buarque na rua é justamente isso (o título) que eu direi para ele. Desconfio que ao invés de ficar bravo ele vai dar uma risadinha e se mostrar superior. O Renan, um professor do cursinho, fazia isso. Sujeitinhos desagradáveis.

Mas eu escrevo isso simplesmente porque o Reinaldo Azevedo está pautando meu blog (hehehehe), a Veja já fez isso uma vez. De qualquer forma, vou ver se mando um email pra ele propondo um web ring contra o Chico Buarque.

E os concretistas também. O Reinaldão algumas semanas depois disso descobriu que eles roubavam poesia de cartilha de beabá.

segunda-feira, agosto 28, 2006

We'll always have Paris

Este blog continua em sua cobertura da vida de Paris Hilton. Como percebido no post anterior, o objetivo, dada a estatura de Paris como artista, é entender melhor, via Paris, aquilo que se passa nas nossas vidas. Hoje, Paris nos ensina duas coisas de suma importância.

A primeira é sobre como escolher amigos. Paris, desconfiada, desenvolveu testes de bom gosto para seus amigos. Um deles consiste em Paris se vestir com duas roupas diferentes: uma horrível e outra maravilhosa (porque Paris não vestiria nada simplesmente feio ou simplesmente bonito) e em perguntar ao amigo em teste qual das duas é melhor. Se o "amigo" escolher a horrível: adeus amizade. Uma amiga minha retrucou que amigos são mais do que bom gosto, no que eu respondi que, no meu caso, amigos são bem menos do que bom gosto. De qualquer forma, se você está decidido a fazer besteira pouco importa o gosto do seus amigos. Se bem que no caso de bom gosto o estrago pode ser menor, mas ainda assim estrago. Enfim, pensei em usar a estratégia de Paris neste blog mas fiquei com medo de perder meu único leitor.

A segunda nos informa que Paris vai para o espaço em breve. É forçoso lembrar que, cedo ou tarde, todos iremos para o espaço; mas Paris pagou US$ 195 mil por um lugar na espaçonave que o bilionário inglês Richard Branson está construindo. Ao que tudo indica, Paris era fã de Guerra nas Estrelas e está muito empolgada com a viagem. The Wanderer também é fã de Guerra nas Estrelas, mas lhe faltam os dólares e lhe sobram os medos para entrar em uma espaçonave.

domingo, agosto 27, 2006

Meus problemas acabaram

E Auden ensina como vou me redimir de tudo que escrevi (e escreverei, talvez) aqui. Porque parar eu não pretendo, pelo menos enquanto ainda houver bile para despejar. Pelo menos enquanto esses macacos (e macacas!) de calça jeans que habitam o planeta continuarem a agir como macacos (e macacas, senhores! Macacas!).

"(...)
Time, that is intolerant
of the brave and innocent,
And indifferent in a week,
To a beautiful physique,
Worships language and forgives
Everyone by whom it lives;
Pardons cowardice, conceit,
Lays its honours at their feet.
(...)"
(W. H. Auden, In Memory of W. B. Yeats)



P.S.: Os versos são de 1939, ano da morte de Yeats, a íntegra pode ser vista aqui. Não preciso atentar para a elegância e concisão deles, e das palavras, e das rimas. Ademais, a expressão "macacos de calça jeans" não é originalmente minha. Foi retirada dessa bela resenha crítica acerca do mar, cuja leitura é fortemente recomendada.

sábado, agosto 26, 2006

Da política monetária e dos parênteses

A política monetária, dada a neutralidade da moeda, não tem poder sobre o crescimento do produto. Ela pode, contudo, gerar inflação.

Os parênteses não têm poder de aprimorar o texto. Eles podem, contudo, o estragar.

Hoje meu dia foi estragado por um parênteses. O leitor, estranhando, vai perguntar: "Mas como você, Luiz, se deixa ter o dia estragado por um parênteses?"

Respondo: caro leitor, era muito querido aquele quem preecheu os parênteses. O os preencheu com um conteúdo tão desprezível... É a vida, caro leitor.

terça-feira, agosto 22, 2006

Estética

A Paris Hilton disse que chora quando ouve seu disco. Eu nem sabia que ela havia gravado um disco, mas imagino que se, porventura, o ouvisse também choraria.

O grande artista faz justamente isso, transmite as emoções subjetivas por meio de sua obra.

E se vocês acharem que eu estou sendo irônico digo que pagaria mais por um ingresso da Paris Hilton que do Chico Buarque.

domingo, agosto 20, 2006

Peço desculpas

"Falar a verdade só me trouxe problemas. Eu queria dizer aos cidadãos de bem que, no Brasil, não vale a pena contar a verdade." (Francenildo Costa, o
famigerado caseiro de Brasília, na Veja desta semana)



Diante deste fato, devo pedir desculpas a todos vocês. Eu que achava que a honestidade e a verdade valiam alguma coisa. Só tenho trazido problemas. Perdoem-me, por obséquio.

quarta-feira, agosto 16, 2006

Dica

O melhor caminho para o auto-engano é não fazer as perguntas de cujas prováveis respotas você tem medo.

"Ele me ama?"; Ela tá falando a verdade?"; "Isso que eu to fazendo é certo?".

No curto-prazo você fica um pouco menos angustiado. Já no longo-prazo... Bem, no longo-prazo estaremos todos mortos.

domingo, agosto 13, 2006

Desconcerto

O mundo apodreceu. No nível micro e no nível macro. A podridão começa nas pessoas que você conhece e vai aumentando, ganhando em organização e complexidade. No fim, ela abrange os facções criminosas, os grupos terroristas, os partidos políticos e os Estados. Mas ela começa nas pessoas, entendem? É uma questão de microfundamentos.

É claro que não somos todos podres no nível individual. Não há apenas um agente representativo. E as últimas semanas me lembraram disso. Contudo, me lembraram também que estamos perdendo essa guerra.

Força, amigos. Força!

sexta-feira, agosto 11, 2006

Farewell

Meu cão morreu. Pobrezinho. Ele era melhor que todos vocês juntos. Ele era calmo, honesto e (por que não?) ponderado. Gostava de ficar quieto consigo mesmo, mas não dispensava uma boa companhia: sabia na dose certa os perigos da abdicação da individualidade. Podiamos atrapalha-lo enquanto comia que ele não se importava, na pior das hipóteses ia para longe e espeava que deixessemos sua tigela. Era contido, um samurai.

Os idiotas dizem que os gatos são mais inteligentes que os cães. Não é verdade. Os cães apenas parecem menos inteligentes que os gatos porque são honestos, fiéis. Cães não guardam segredos. São bons, ao contrário dos gatos, das serpentes e das pessoas humanas.

Peço-lhe desculpas, Astro. Daquelas que são estúpidas porque chegam tarde demais. Você não merecia o dono que teve. Certamente, era lhe cabido alguem melhor.

Ficam as saudades e o sentimento de que aqueles que importam estão todos dirigindo-se a algum lugar melhor.

quarta-feira, agosto 09, 2006

Conspiração

Sobre A Queda: As Últimas Horas de Hitler:

"O filme é acusado de humanizar Hitler. Afinal, mostra o führer cumprimentando a secretária e agradecendo a cozinheira. As pessoas são tão mal-educadas hoje em dia que o sujeito não pode nem mais dizer obrigado sem se tornar mais humano. Na verdade, Hitler é retratado como um louco. Vê traições em todo lugar, dá ordens a exércitos que não existem, condena Berlim à destruição e diz que o povo alemão merece a morte. Muito humano, indeed."




Ainda assim, mesmo que o filme humanizasse de fato Hitler, seria correto. Demonizar esses homens, mostrá-los como loucos só desviam do fato de que eles (Hitlers, Stalins, Mussolinis) são tão homens e tão falíveis como qualquer outro ser humano. Mas não é esse meu ponto.

E se as traições que Hitler percebia entre seus homens fossem de fato verdadeiras? Afinal, é bem provável que dentre aquela cúpula do exército alemão realmente o tivesse traindo. Já havia ocorrido antes.

Chesterton dizia que o louco é aquele que perdeu toda sua humanidade, exceto a razão, e nela se apoia firmemente. Se for dito ao louco "Você não é Napoleão," uma resposta perfeitamente racional é "É claro que você não vai admitir que eu sou Napoleão. Vocês estão todos conspirando contra mim!"

O triste é que, porventura, o louco seja mesmo Napoleão.

terça-feira, agosto 08, 2006

(Not so) Instant karma

Isso aqui me pos a pensar. Digamos que Maurinho seja um jovem perseverante. Contudo, os pais de Maurinho são muito displicentes com a educação cedida ao seu filho. Esse fato somado à habilitdade natural de Maurinho conviver bem com delinquentes vem a transformar o jovem (perseverante, lembremos) no grande chefe do crime organizado de seu país. Don Maurinho, obviamente, é culpado de uma quantidade obscena de crimes: assassinatos, roubos, extorsões, cooptação de parlamentares, espionagem industrial, evasão de divisas, sonegação fiscal, dirigir em alta velocidade, falsidade ideológica, formação de quadrilha, tráfico de drogas, tráfico de armas, agressão, vandalismo, destruição de propriedade pública. Enfim, digamos apenas que os crimes da categoria "tentativa de" são tanto um absurdo para Don Maurinho quanto o aborto o é para um conservador cristão.

Como não poderia deixar de ocorrer, Don Maurinho morre. A causa mortis é irrelevante. Outrossim, é relevante o fato de que Maurinho reincarna como um parasita pubiano em lutador de sumô. O carrapato Maurinho não se lembra de seus crimes da vida pregressa, mas ainda é perseverante. Esse fato aliado à incapacidade de lutadores de sumô observarem com cuidado seuas "vergonhas" leva Maurinho a matar aquele que muito bem poderia vir a ser um grande lutador de sumô.

A questão que coloco é esta: Maurinho por apenas ser um carrapato perseverante reincarnaria em um animal de status karma-superior?

segunda-feira, agosto 07, 2006

A condição humana, ainda

Primeiro sobre a solidão, que não é simplesmente estar sozinho. Pode-se estar solitário rodeado de muitas pessoas, as erradas. E as certas, meu caro, são das mais difíceis de encontrar. E quando as se encontra, nada garante que estarão presentes nos momentos de solidão.

Segundo sobre a lucidez, que contraintuitivamente não aparece de súbito, mas goteja como a paz em Innisfree. Para os lúcidos isso é muito desconfortante. Não se sabe se a lucidez continuará gotejando nem se pode tentar doa-la para aqueles que a precisam.

I'll keep wandering.

quinta-feira, agosto 03, 2006

Wondering wanderer

A despeito disso e disso, os últimos dias de julho foram muito bons. Transbordaram inclusive pro início de agosto. Evidentemente, me deixaram pensando na condição humana. As segundas-feiras e Bubbaloo Banana (o chiclé cheio de sabor) também têm esse efeito em mim.

Ah é, condição humana. É difícil pensar nisso sendo filho de um século de totalitarismo, de campos de concentração; mas o bem existe no homem (e nas mulheres também!). E eu acredito que existem alguns lugares bons para o procurar, e provavelmente, o encontrar. Não vou entregar o ouro assim de graça para vocês. Pensem aí.

P.S.: Esse blog não foi clonado. Provo esse fato com a seguinte afirmação: só brasileiro pra pegar mais de 30 reais pra ir em show do Chico Buarque.

sábado, julho 29, 2006

Acertei, de novo

Bateram no meu carro. No sinal em frente à minha casa. Pouca coisa, só um amassadinho. Mas o porta-malas não abre (a fechadura enfiou-se para dentro ou algo que o valha).

Estou inclusive desenvolvendo a teoria de que meu inferno astral começa dia sete de abril. Ah é, meu aniversário é dia seis de abril. De qualquer forma, fiquem saltitando por aí achando que a vida é leve e fácil. Entrego estes versos a vocês:

(...)
Come away, O human child!
To the waters and the wild
With a faery, hand in hand,
For the world's more full of weeping than you can understand.



Yeats, naturalmente. É um trecho (o refrão, por assim dizer) de "The Stolen Child". Se, porventura, você leitor acha que entende qualquer coisa de poesia e nunca leu Yeats é melhor o ler. Eu não entendo nada de poesia e percebo sem esforço há mais nele do que na primeira geração modernista inteira do Brasil. Mas isso é guerra assimétrica.

Vou ficar aqui lendo Yeats e Brodsky e Pynchon ou então preparando a melhor apresentação de powerpoint de todos os tempos.

segunda-feira, julho 24, 2006

Acertei

E, desconfio, há mais por vir.

Agora deixem o papai descansar. Volto quando descobrir a resposta para essa charada, talvez antes, talvez depois, talvez nem isso:

""God," she said, "it's Ploy again. Ploy was now an engeneer on the mine sweeper Impulsive and a scandal the length of East Main. He stood five feet nothing in sea boots and was always picking fights with the biggest people on the ship, knowing they would never take him seriously. Ten months ago (just before he'd transferred off the Scaffold) the Navy had decided to remove all of Ploy's teeth. Incensed, Ploy managed to punch his way through a chief corpsman and to dental officers before it was decided that he was in earnest about keeping his teeth. "But think," the officers shouted, trying not to laugh, fending off his tiny fists: "root canal work, gum abcesses. . . ." "No," screamed Ploy. They finally had to hit him in the bicep with a Pentothal injection. On waking up, Ploy saw apocalypse, screamed lengthy obscenities. For two months he roamed ghastly around the Scaffold, leaping without warning up swing from the overhead like an orangutan, trying to kick officers in the teeth.

He would stand on the fantail and harangue whoever would listen, flannelmouthed through aching gums. When his mouth had healed he was presented with a gleaming, regulation set of upper and lower plates. "Oh God," he bawled and tried to jump over the side. But was restrained by a gargantuan Negro named Dahoud. "Hey there, little fellow," said Dahoud, picking Ploy up by the head and scrutinizing this convulsion of dungarees and despair whose feet thrashed a yard above the deck. "What do you want to go and do that for?"

"Man, I want to die, is all," cried Ploy.

"Don't you know," said Dahoud, "that life is the most precious possession you have?"

"Ho, ho," said Ploy, through his tears. "Why?"

"Because," said Dahoud, "without it, you'd be dead.""

(Thomas Pynchon, V.)

Metáfora

Esse negócio de poesia sem métrica e rima é voleibol na segunda série (do primário). A bola é gigante, pode quicar três vezes, cada lado da quadra tem 12 pessoas... Enfim, só tem graça se você tem menos de 8 anos de idade.

Leia agora, concorde depois

A maior esperteza dos totalitarismos do século XX foi a personalização de seus líderes. Principalmente se for considerado o fato de que eles acabaram. Hoje, os comunistas se limpam das atrocidades da União Soviética jogando a culpa em Stalin. Do mesmo jeito que o grande vilão da Segunda Guerra foi Hitler, e não o Nazismo-Fascismo. Daqui a vinte (vinte?) anos a culpa será do Lula, do Chavez e do Morales; ninguém vai querer falar do espírito totalitário desses três.

Percebam, tolinhos, que não importa o nome do líder: o Caminho da Servidão plenamente percorrido (perfeito) descamba em atrocidades. É sua essencia. Enteléquia.

Desculpem-me

Odeio fazer isso, me rebaixar assim, mas não vai ter jeito...

No Reply
(Lennon)

This happened once before,
When I came to your door,
No reply.
They said it wasn't you,
But I saw you peep through your window,

I saw the light, I saw the light,
I know that you saw me,
'cos I looked up to see your face.

I tried to telephone,
They said you were not home,
That's a lie,
'cause I know where you've been,
I saw you walk in your door,

I nearly died, I nearly died,
'cause you walked hand in hand
With another man in my place.

If I were you I'd realize that I
Love you more than any other guy,
And I'll forgive the lies that I
Heard before when you gave me no reply.

I've tried to telephone,
They said you were not home,
That's a lie,
'cause I know where you've been,
I saw you walk in your door,

I nearly died, I nearly died,
'cause you walked hand in hand
With another man in my place.

No reply, no reply.

Males do mundo atual

Outro dia me disseram: "Sabe, você tem que aprender a respeitar a opinião dos outros." No que eu respondi: "Não se ela for estúpida." O grande problema do relativismo que nos assola é justamente esse, por axioma toda opinião é válida, inclusive as autocontraditórias e (principalmente) as estúpidas. É o fim da razão. E olha que ela sempre foi um tanto quanto limitada.

Sempre que me recomendam respeitar a opinião dos outros eu me imagino num futuro próximo dentro de um tribunal penal suplicando: "Mas, meritíssimo, na minha opinião ele devia levar um tiro." No que ele julga, portanto, improcedentes minhas acusações.

sexta-feira, julho 21, 2006

Foto


Essa foto foi minha prima quem bateu, presumo. Eu gostei. É um elogio todo especial, se considerarmos que esse que escreve considera um desperdício de máquinas fotográficas todas as fotos que retratam objetos inanimados ou seres animados que não mulheres atraentes sem roupa. Ela, a foto, resume meus dias nesse mês (so far).

Mas o leitor é espírito de porco e responde: "Mas você não deixa seus livros assim, odeia quando eles se deformam".

É verdade. Mas vá tomar no cu leitor espírito de porco.

quinta-feira, julho 20, 2006

Relatividade

Grandes momentos da carreira de Tom Jobim:




Pequenos momentos da carreira de Frank Sinatra:

quarta-feira, julho 12, 2006

Dostoiquem?

Esse post é pra você, que fica sempre achando que o que eu escrevo é sobre você e tudo mais. Seu dia chegou, querida amiga! Desculpe-me pelo sarcásmo, não consigo evitar. Mas como você perceberá nas próximas linhas, esse texto não é mais do que algumas discordâncias menores, que (talvez indevidamente) escolhi por externar aqui para abrir a discussão, espero que não se importe. E não é só com você, também com alguns professores meus. Mas nada a ser levado pro pessoal.

Meu caríissimo professor Carlos Mello por vezes argumentava que um aluno do ensino médio não tinha a maturidade para entender o que significam os olhos de ressaca de Capitu. Do mesmo jeito que você considera pedantismo ler Fausto no colegial. A validade dessas argumentações existe mas é restrita. Por que?

Porque os grandes livros são aqueles que uma vez lidos deverão ser relidos e relidos e relidos. São aqueles que nunca terão seu sentido esgotado. São aqueles que em cada nova leitura há algo de novo. Não faz sentido, portanto, achar que ler aos vinte anos é melhor que aos quinze. Mesmo que aos quinze o leitor tenha capacidade total de aproveitar a leitura e ela não se altere até os vinte, uma nova leitura aos vinte será necessária. E outra aos trina e assim por diante.

Porque o melhor jeito para nunca se ler um livro é começar a o fazer e parar devido a sua dificuldade. Se a leitura foi fácil, provavelmente não adicionou muito. E é justamente esse o objetivo da leitura: adicionar. Afinal as pessoas não sentem prazer no ato mecânico de ler. E essa não é só minha opinião, Mortimer J. Adler já escreveu sobre isso.

Porque são os livros que nos alteram e não nós que alteramos os livros. Na verdade, não se sabe se existe maturidade para ler Fausto no colegial até se ler Fausto no colegial. Séculos atrás, se esperava dos adolescentes dominar completamente a gramática e a matemática, além de toda a filosofia clássica. E eles dominavam tudo isso.

Pedantismo não é ler Fausto no colegial. Pedantismo é achar que tendo lido Fausto no colegial não se é necessário voltar ao livro ou então que se poderá uma vez esgotar os temas contidos na obra.

Hey Hey

É triste, mas minha decepção com essa terra é tão grande que não acredito mais que os Garotas Suecas possam salvar o Brasil, como outrora acreditei.

Vai ver eles me surpreendem...

Não me convidaram pra essa festa pobre...

Mas eu to aqui de qualquer jeito. Agora é sério. A única coisa que me prende a esse país é a falta de recursos. Doce ironia. O Brasil já trilha o Caminho da Servidão. Fato.

Há três anos temos um governo que flerta com o totalitarismo: estrelinha vermelha plantada no jardim do Palácio da Alvorada, Conselho Federal de Jornalismo, compra do votos. Fiz graça, vocês não entenderam. Gastam um bilhão de reais em emendas pra eleger aquela anta do Aldo Rebelo à Presidência da Câmara dos Deputados, mas repassam pra São Paulo vinte e nove milhões de reais em segurança. Em 2002, repassaram duzentos e vinte e três.

O PCC não é uma grupo de crime organizado. É a nova SS.

Nomes

No Vietnã, um pai finalmente concordou em trocar o nome de seu filho. O menino de 19 anos (?!) agora atende pelo nome de Mai Hoang Long, o que significa Dragão Dourado. Aparentemente, no Vietnã é legal atender por títulos de filmes que passam na Sessão da Tarde.

O nome original do moleque provinha de uma lei segundo a qual o casal vietnimamita deve pegar uma multa de seis mil e quinhentos dong (hihihi) quando tem o segundo filho, hence Mai Phat Sau Nghin Riou. Para aqueles leitores que não têm fluência no vietnamita, eu traduzo: Mai Phat Sau Nghin Riou significa "Multa De Seis Mil E Quinhentos".

Abaixo mais três cidadãos (e cidadãs) vietnamitas que desejam trocar seus nomes:

-Ming Jing Xio Pan ("Mas Eu Queria Um Menino")
-Daing Nom Hoan Ling Ho Chi Minh ("Esse Você Não Mata Ho Chi Minh")
-Mai Hai Phong Xu ("Acho Que É Do Padeiro")

domingo, julho 09, 2006

Uma tautologia e uma falta de sorte

"O problema do câmbio flutuante é que ele flutua" (Antônio Palocci)


E eu digo: o problema de escrever as coisas é que as pessoas as lêem.

Para você ficar puto da vida

Tudo isso porque o Saudade do Presidente Figueiredo acabou.

Então, eu afirmo: oito em cada dez artistas brasileiros esquerdistas há vinte anos em bloqueio de criatividade desejam inconcientemente a volta da ditadura militar.

Bons tempos aqueles, as idéias vinham tão fácil.

quinta-feira, julho 06, 2006

Continuo (3)

Não me ocorreu ontem, mas a síntese do que se passava comigo estava menos propriamente em um conceito aristotélico do que na seguinte paráfrase shakespeariana:

Beware the ides of july.

Ok, o leitor, culto e inteligente, vai responder: mas não é exatamente nos idos de julho em que repousa essa sua apreensão. Eu vou dizer: não é mesmo, foi licensa poética.

Aliás, vocês têm lido o Terra à Vista? É uma iluminação, eu digo.

quarta-feira, julho 05, 2006

Continuo (2)

Decidi postar um poema para acompanhar o clima desse blog hoje. Tenho quase certeza que já o postei em algum lugar que não esse. Não me importo.

An Irish Airman Foresees His Death

I know that I shall meet my fate
Somewhere among the clouds above;
Those that I fight I do not hate,
Those that I guard I do not love,
My country is Kiltartan Cross,
My countrymen Kiltartan's poor
No likely end could bring them loss
Or leave them happier than before.
Nor law, nor duty bade me fight,
Nor public men, nor cheering crowds,
A lonely impulse of delight
Drove to this tumult in the clouds;
I balanced all, brought all to mind,
The years to come seemed waste of breath,
A waste of breath the years behind
In balance with this life, this death.


(William Butler Yeats)

Continuo

O post anterior me levou a esse pensamento, dessa vez positivo:

Se meu plano (não plenamente adotado, ainda) de me formar, fazer mestrado e em seguida partir para um doutorado no exterior der certo, nas eleições de 2010, se elas ocorrerem, eu não estarei no Brasil.

Nem tudo é desgraça.

Enteléquia

Nesse exato momento eu estou com aquele sentimento de que o mais prudente seria ir pra bem longe a ficar bem longe até o fim das férias. Ou do ano. Ou da década. O problema é que no atual momento existe um número considerável de conhecidos meus que estão bem longe. O que diminui (apenas um pouco, é verdade) os lugares bem longe para aonde eu posso ir. Também existe uma questão orçamentária. Nevertheless, deve ser um tanto enfadonho ir pra bem longe no Peru, ou no Casaquistão.

Enfim, esse sentimento de que ficar aqui até o fim do mês vai terminar em desgraça: eu não gosto dele. Já esteve por aqui outras vezes. Não direi quando, porque se eu o disser problemas ocorrerão. Eu costumo evitar problemas, às vezes.

Resumo: o ato de ficar aqui em julho plenamente realizado (perfeito) derivará em desgraça. Dia primeiro de agosto eu respondo pra vocês se estava certo. Aviso que não costumo errar quando sinto isso, infelizmente.

segunda-feira, julho 03, 2006

Loucura

O mundo está louco. A Volkswagen, de acordo com essa notícia, está desenvolvendo um carro auto-dirigível. É basicamente um Golf todo automático, que pode se auto-pilotar a velocidade de até 240km/h sem qualquer intervenção humana, hence auto-pilotar. O veículo é guiado por sensores laser e radares ligados a um computador de bordo e um sistema de localização por satélite. Atualmente, o protótipo está sendo testado por consumidores.

A loucura é esta: se o carro não precisa de gente para ser operado, por que está sendo testado por consumidores?

domingo, julho 02, 2006

Porque

Porque vamos todos morrer, fato. Porque a carne apodrece. Porque existe um conjunto de coisas materiais e passageiras, que se dissolvem; e um conjunto, uno, de idéias perenes e eternas, que compreende tudo. Porque o segundo conjunto contem o primeiro e o primeiro está apenas contido no segundo. Porque mataram Sócrates, e não apenas Sócrates. Porque o materialismo, como também o evolucionismo e o mecanicismo, é o suicídio do pensamento. Porque compreender a imanência e a trascendência implica, necessáriamente, entender a força desta e a fraqueza daquela. Porque há mais entre o Céu e a Terra de que sonham as vãs filosofias. Porque, enfim, eu não sou Horácio.

Sem título

Crise criativa (hah). Tentei escrever um post e dois emails hoje. Nenhum deles deu certo. Até os scraps do Orkut estão meio sem graça.

Não tenho certeza, mas eu acho que é a vontade de mandar todo mundo pro inferno (ok, as palavras eram outras) aliada àquela parte de mim que adverte contra mandar todo mundo pro inferno.

sexta-feira, junho 30, 2006

Disclaimer

Considere o que quiser do post abaixo. Leve a sério, não leve a sério. Você pode escolher.

Só não fique bravo, pois nesse caso estará se entregando.

Se achar que foi pessoal, recosidere. Garanto que não tinha vítimas em minha mente quando o escrevi, ou então que o número de vítimas era numeroso o suficicente para eliminar qualquer pessoalidade do texto.

Se ainda assim se sentir encomodado com o texto. Bem... Se servir de consolo (ops!) eu posso dizer que é a influência dos Chestertons que tenho lido ultimamente.

Meu coração amanheceu reacionário

Estou de saco cheio dessa beautiful people que acha engraçadinho, ou avant-garde, se preferirem, essa história de sex shops e ménages. Tenho algo para dizer a vocês: putaria existe há muito tempo e vocês não sobreviveriam nem cinco minutos num bacanal romano.

E mais: aquele Alfred Kinsey (sabe? do filme com o Qui-Gon Jinn) era um charlatão. Aparentemente, a amostra de norte-americanos comuns usada por ela consistia de com estupradores e molestadores de crianças, levando-nos a um argumento por casos. Ou ele era (1) um charlatão ou (2), algo pior, ele considerava estupradores e molestardores de crianças pessoas comuns, indicando muito a respeito de sua própria índole. Como sigo o princípio lógico pelo qual num argumento por casos deve-se ceder ao adversário o melhor, ou menos pior, dos casos, afirmo que Kinsey era um charlatão ou embusteiro.

Mesmo assim, adversativamente, o segundo caso não é um disparate tão grande. Numa sociedade em que se fantasiar com roupas de couro e brincar de perfurar partes corpóreas ou então buscar prazer pela dor é considerado, se não normal, aceitável, não é de se espantar que um "pesquisador" venha a considerar molestadores e estupradores pessoas comuns. Imagino o que vem a seguir: a glorificação da pedofilia, do sexo com animais?

Não que o sexo seja algo impuro ou errado. É uma forma muito interssante de prazer material e eu particularmente gostei muito das duas vezes e meia em que o pratiquei (vai bancar o blefe, caro leitor?). O mesmo se aplica, em certa medida, à masturbação. Mas quando não se percebe mais o nonsense em aparatos fálicos de silicone nas cores mais variadas possíveis (inclusive aquelas que brilham no escuro) ou em envolucros de borracha com sabores é porque o fundo do poço está próximo.

Diz-se que São Tomás de Aquino uma vez falou que o homem não vive sem prazer e que quando não o encontra no campo espiritual é necessário que para satisfazer essa demanda se vicie no prazer carnal. O ponto é esse: se você pensa demais em sexo é porque não pensa de forma alguma em outras coisas. E o caminho disso para a depressão é curto.

E os bacanais romanos? Nada de mais, eu digo, mas nessa sociedade diversão era ver umas pessoas serem comidas por leões e outras lutando até a morte.

Com licensa, agora vou acessar www.garotascolegiaistransandocomseponeis.com.

quinta-feira, junho 29, 2006

Faça comigo

Você é da esquerda? Então faça comigo:

1) Acesse o Google
2) Digite no campo de busca: quem é o maior mentiroso
3) Clique em Estou com Sorte (ou o análogo na língua em que usar do Google)
4) Aprenda com o resultado

Repita. Aprenda de novo (exercício de fixação).

Faça comigo.

Canção do exílio my ass

O Brasil já encheu o saco. A, como diria Bruno Tolentino, Golaçolândia nunca teve saída e só quem é brasileiro assumido ou tá longe daqui não percebe isso.

Aquele Fab Moretti dos Strokes termina o show deles aqui e fala com um sotaque novaiorquino do tamanho do Cristo Redentor: "Eu amou vocêss meous irrrmaoums brrasileirous!" Ama mesmo? Vem morar aqui pra receber em real e dar entrevista pras K-Sis (?!?!) no Disk MTV.

E uma colega minha passa seis meses em Londres, chega do intercâmbio com aquela mensagenzinha bem Jorge Amado: "Brasil, meu Brasil brasilero". Fica uma semana e sai pra morar uns três anos na Pensilvânia. Fica aqui pra ter que estudar com livro importado, então.

E uma amiga que passa meses na França (país que nem muito próximo da civilização está, mas é mais avançado do que isso aqui) fala que tava se sentindo mau, porque chegou aqui e começou a ver o pais com o desgosto de Luiz Felipe.

Dica: se você tiver qualquer pretensão na vida, saia do Brasil. Nossa melhor especialidade é o futebol e todos os jogadores sonham em jogar na Europa.

Termino com uma citação:

"Neguinho vem me falar bem do Brasil, fazer graça. Vem sambando então, filha da puta!" (Radamanto)

Brasil, não gosto mais de você. Fim de papo!

domingo, junho 25, 2006

Bate-papos

A semana promete. Um grande duelo de bate-papos. No chat do UOL:

"A semana começa com um papo com a funkeira "patricinha" MC Perlla na segunda-feira (26), às 13h. Depois de emplacar o hit "Tremendo Vacilão" (ouça aqui) na coletânea do DJ Marlboro, Perlla promete abalar com o CD de estréia "Eu Só Quero Ser Livre". O disco traz 14 faixas, entre elas "Totalmente Demais", tema de Helen, personagem de Taís Araújo na novela "Cobras e Lagartos", da TV Globo, e o cover de "Tudo Bem", de Lulu Santos. Perla da Silva Fernandes, a MC Perlla, tem 17 anos e começou a cantar aos 4 anos numa igreja evangélica. Aos 15, conheceu os produtores Mãozinha e Umberto num estúdio e a partir daí começou a trilhar sua carreira."


Terça-feira às 19:00h, na Fnac Pinheiros, temos Bruno Tolentino num bate-papo com Reinaldo Azevedo, marcando o lançamento do novo livro do poeta: A imitação do amanhecer.

Deixo os leitores (vocês dois) a especular qual desses eventos presenciarei. Mas deixo uma dica: amostras da obra de Tolentino e de MC Perlla.

Tremendo Vacilão

"Tirap tchuru, tirap tchuru ouá, ouá...
Tirap tchuru, tirap tchuru ouá...

Na madrugada
Abandonada
E não atende o celular
Tirando onda
Cheio de marra
Achando que eu vou perdoar

Pra mim já chega
Eu tô bolada
Agora quem não quer sou eu
Não te dou bola
Tu senta e chora
Porque você já me perdeu

(Refrão)

Deu mole pra caramba
Tremendo vacilão
Tá todo arrependido
Vai comer na minha mão

Pensou que era o cara
Mas não é bem assim
Agora baba bobo
Vai correr atrás de mim" (MC Perlla)


Um Prelúdio

"Amadureci aos poucos
cresci muito devagar
como os álamos e os loucos
e acabei indo morar

na Casa dos Homens Ocos,
um charco pardo ao luar
entre o tempo morto, os roucos
rugidos do vento e do mar.

Lá se vive sem querer
lá ouvi uma elegia;
dou-a aqui tal qual ouvia-a

ao cair do entardecer
sobre a charneca vazia,
os pântanos que há no ser." (Bruno Tolentino, n'A Balada do Cárcere)

terça-feira, junho 20, 2006

Mais uma coisinha

The Wanderer: há um ano em movimento!

Feliz aniversário (envelheço na internet)

Esse blog faz um ano hoje. Como não tenho nada pra escrever, pelo menos agora, farei um breve sumário estatístico desse reles diário virtual.

Os posts, esse incluso, são 223. Logo, há um número médio de 0,61 posts por dia, um pouco mais de um post a cada dois dias. A distribuição deles, contudo é um tanto quanto assimétrica, os primeiros meses tiveram mais posts que os últimos.

Ademais, pelas minhas estimativas, dos 222 posts anteriores a esse, 200 foram reclamações, 20 histórias e piadas sem graça e dois com citações do G. K. Chesterton.

Gostaria de adicionar que escrevo (esparçamente) também no blog Terra à Vista e que se um dia tiver criatividade suficiente farei um blog com histórias de espionagem num formeto "folhetim".

Fico com uma citação da orelha de O Mal de Montano:

"(...)[A] prática do diário íntimo, esse germe de auto-ficção, esse texto que criamos menos para conhecermos quem somos do que para acinpanharmos o desenho de nossa metamorfose contínua." (Carlito Azevedo)


P.S.: Sei lá quem é Carlito Azevedo.

domingo, junho 18, 2006

Retificando

Esse blog anda meio indecente: ménages, pornografia e peitinhos. Tentei rebater citando Chesterton, mas como ninguém reclamou que eu tava citando um cristão ortodoxo acho que não funcionou. Tento agora algo de impacto mais garantido. Pela decência e pelo pudor!









sábado, junho 17, 2006

Mais Chesterton

A respeito do nonsense, esbarrei nisso aqui:

"There are two ways of dealing with nonsense in this world. One way is to put nonsense in the right place; as when people put nonsense into nursery rhymes. The other is to put nonsense in the wrong place; as when they put it into educational addresses, psychological criticisms, and complaints against nursery rhymes or other normal amusements of mankind." (G. K. Chesteron, Child Psychology and Nonsense, 15 October 1921)


Obrigado, Gilbert!

O presente estado das coisas, e outras redundâncias...

As provas estão chegando, já chegaram na verdade. Por isso eu tento estudar às 0:10 da matrugada entre sexta e sábado. Não consigo, blablabla. Então toca o interfone: "O morador do 85A está reclamando que ele não consegue estacionar porque seu carro está no meio das duas vagas." Minha vaga está vazia...

Nevertheless, desço para verificar, afinal ultimamente algum filho da puta anda estacionando na minha vaga. A minha vaga está de fato vazia. Falo com o segurança a volto pra casa. De resto, marásmo e um sentimento de que está tudo meio nonsense nesses dias, David Lynch misturado com Harvey, o Advogado e Centro Acadêmico de Ciências Sociais. Enfim, fico com Chesterton:

"The Bible tells us to love our neighbors, and also to love our enemies; probably because they are generally the same people." (G. K. Chesterton,
Illustrated London News, 16 July 1910)



Mais de resto ainda, dia 20 esse blog faz um ano.

quarta-feira, junho 14, 2006

Responsabilidade Social

Encontrei um link que pode servir muito à melhora da saúde pública no Brasil.

Sutiã inadequado prejudica saúde da mama

Eu, ávido defensor da saúde da mama que sou, não poderia deixar esse link passar. Faço votos de que as lindas meninas desse meu Brasil leiam com cuidado a notícia. Pois, como o texto nos informa:

"A falta de cuidados específicos [usar o sutiã adequado] pode causar flacidez e até infecções nos seios." (grifos meus)

sexta-feira, junho 09, 2006

Pervert

Recebi um email dizendo que algumas pessoas andam invadindo perfis do outros no Orkut e, a partir deles, mandado scraps pornográficos.

Portanto, se você, porventura, receber um scrap pornográfico oriundo do meu perfil no Orkut, não se iluda. Fui eu mesmo.

segunda-feira, maio 29, 2006

Esclarecimento público

"CORTAR OS CABELOS COM A LUA CRESCENTE AJUDA A CRESCER?

Não há nenhuma comprovação científica para este fato.

CABELOS COMPRIDOS SÃO MAIS FRACOS. É IMPORTANTE CORTAR PARA CERSCER MAIS?

Não. Cabelos não devem ser confundidos com plantas.

COLOCAR PÍLULA ANTICONCEPCIONAL NO XAMPU AJUDA A CRESCER OS CABELOS?

Não há nenhuma evidência desse fato ser verdade."
(Trecho do Folheto Saiba Mais Sobre A Calvície, do Programa Face A Face, escrito com assessoria do Dr. Valcinir Bedin)

quinta-feira, maio 25, 2006

Remendando

Quando escrevo que desisti da humanidade, não é sobre guerras, pobreza, a miséria humana, o comunismo, o capitalismo ou o George W. Bush. É sobre ações individuais e seus agentes: pessoas, pessoinhas. Homens e mulheres e everything in between.

Desabafo

Desisti da humanidade. Volto segunda, ou daqui a cinqüenta anos.

Quero que vocês todos queimem no inferno, não merecem metade do que possuem. Ou melhor, merecem. Merecem exatamente aquilo que têm.

quarta-feira, maio 24, 2006

Faca de dois gumes

Quando Mateus soube que André, seu melhor amigo, estava namorando, se encontrava numa mesa no boteco usualmente frequentado pelos dois. Era um dia útil e os amigos combinaram de tomar uma cerveja após o trabalho. Mateus, ao receber a notícia, não deixou de ficar feliz: Rafaela, a namorada, era uma pessoa doce e amável e, por mais que o casal parecesse incompatível como George Costanza e, bem... qualquer outra mulher; Mateus tinha certeza de que eram feitos um para o outro.

Meses se passaram, ocorrendo naturalmente, quando um dia Mateus recebeu, no trabalho, uma ligação em seu celular:

- Má? É a Rafa, tudo bem?

- Tuuudo Rafa, e você?

- Tudo certo. Olha só, eu e o Dé queríamos tomar uma cerveja com você essa semana. Tem como?

Mateus, sem estranhar o jeito do convite, aceita. Encontraram-se todos dois dias depois no usual boteco. Cerveja vai e cerveja vem. A conversa, boa como sempre rola solta. Piadas e histórias embaraçosas transmitem-se levemente, como amigos fazem. Em um determinado ponto da noite, Rafaela olha para Mateus e revela:

- Sabe, eu e o André estamos pensando em fazer um ménage.

- Nosssssa! - Mateus empolgadíssimo virando para André - Você tem que fazer isso. Imagina só você e uma das amigas da Rafa. A Flávia era uma boa, heim? Ou a Gabi. Ou aquela que tem cara de paquita, qual é o nome mesmo, Rafa?

- A Lili?

- Isso, Lili. Meu! Você tem que fazer isso!

- Cara, - respondeu André - a gente tava pensando em fazer com você.

- O meu! Tá louco?!

A amizade dos três, não é realmente necessário informar, nunca mais foi a mesma. Anos depois, numa tórrida noite de reveillon, Mateus se encontrou na cama com Rafaela. Qual não foi a surpresa dos dois quando no momento do orgasmo gritaram em uníssono:

- Andréééé!

segunda-feira, maio 22, 2006

Mensagem subliminar

Um fato aparentemente conhecido sobre Hey Jude:

Aos 2:58, John Lennon erra o acorde e, como é audível, diz: "fucking 'ell!".

Um fato pouco conhecido sobre Hey Jude:

Aos 5:36, uma boa alma no coro canta, de forma mais audível que John Lennon, a bela frase: "Pega o cavaquinho!"

segunda-feira, maio 15, 2006

Peekaboo

Minha diversão nas últimas semanas tem sido rir das histórias dos bisbilhoteiros do Orkut. Homens e, principalmente, mulheres que usavam o site como uma verdadeira ferramente de voyeur virtual. Desespero e dúvida, revelação e vergonha.

Eu digo que quem é macho mesmo bisbilhota e deixa sua marca! Nada dessas "efeminações" de marcar pra não ser notado ou fazer profiles falsos!

Aliás você entende melhor a deplorabilidade de sua cultura nacional quando o país perde US$1,5 bilões na Bolívia, um populista de meia tigela entra numa greve de fome e quando um evento desses no Orkut causa comoção nacional.

E tenho dito.

domingo, maio 14, 2006

Trade-off

Não sei não, mas quando a discussão chega ao ponto de

Socialista e maconheiro! Ainda bem!


Não dá mais, né? Nada contra socialistas ou maconheiros, muito menos à junção dessas duas características em uma única pessoa. Mas se ela usa isso como argumento, obviamente, do ponto de vista da lógica informal, é claro, a discussão saiu do campo positivo e entrou no normativo. É apenas uma consideração científica. E um pouco irônica, mas não espalhe.

quinta-feira, maio 04, 2006

Modelando a sua (e minha) inteligência

Desenvolvi um modelo para explicar a variação da inteligência. Por enquanto ele é bem geral e carece de testes e validações. Ei-lo:











A primeira equação determina a variação de sua inteligência. Ela é dada pela taxa de crescimento (t) da inteligência multiplicada pelo "estoque" (I) de inteligência, sendo subtraído desse fator aquela parte da mente ocupada com assuntos diversos (D). Todos esses fatores defasados obviamente. Define-se como fatores diversos tudo aquilo que não contribui para o aumento da inteligência: ler Trotsky, ver o tempo passar, metereologia amadora, alguns videogames, etc.

A segunda equação determina a taxa de crescimento da inteligência. Ela é função de si mesma defasada multiplicada pelo fator alfa e de um choque aleatório. Por construção o choque é distribuido normalmente com média zero. Em outras palavras, se alfa for um, a taxa de crescimento de sua inteligência não se altera; se for maior que um, aumenta; se for menor que um, diminui.

O importante é observar que mesmo que a taxa de crescimento de sua inteligência se mantenha constante, para que o "estoque de inteligência não decaia é necessário não se ocupar com assuntos diversos. Ou seja, se você se ocupa com assuntos diversos, para não emburrecer, deve aumentar a taxa de cresimento da inteligência. Mais por vir.

segunda-feira, maio 01, 2006

O petróleo é nosso; o gás, deles

Sinceramente, acabou. Fujamos todos e coloquemos uma placa: "América-latina, 1492-2006".

A situação é tão deplorável que mesmo invadindo a Bolívia, o que fazer? Você quer a Bolívia? Eu não. Então, o que fazer com ela? Dar pro Chile? Colonizar e chamar de Acre 2?

A Bolívia é tão insignificante que já nasceu com bloqueio continental. Aliás, só uma estatal brasileira pra investir mais de um bilhão de dólares na bolívia.

Eu entregaria as refinarias e depois destuiria com um ataque aéreo. E só pra apimentar a situação pediria ajuda pro Bush nessa tarefa.

Sem falar no Brasil, na Venezuela e em todo o resto.

terça-feira, abril 25, 2006

O desconcerto do mundo

Eu odeio todas e cada uma das mulheres bonitas e cheirosas e femininas e simpáticas que, pelo que a realidade insiste em me mostrar, já nasceram com namorado. Mentira, na verdade as adoro. Bom Deus, como as adoro.

Existe esse negócio chamado moral que tem me atrapalhado ultimamente há alguns dez, onze ou doze anos.

quarta-feira, abril 19, 2006

Here we go again

Tudo tão errado. Isso mesmo, as pessoas. Elas mentem, você sabia? E na verdade eu não me importo se elas mentem pra mim (ok, um pouquinho). Mas elas mentem para si mesmas e aí é tão patético. Tão patético, tão imanente e humano. Naquele sentido de Pôncio Pilatos, porque afinal a páscoa acabou de passar.

Termino com uma citação, provavelmente um pouco distante das palavras originais, do Ari:

"Aquilo que está dito em metáforas não está suficientemente claro."

Mas, sobre as metáforas, o interessante é que sobre o assunto específico ao qual elas se referem elas explicam pouco. Sobre as pessoas que as constroem, contudo, dizem muito. Ou estaria eu num momento freudiano?

sábado, abril 15, 2006

Dante, aquele neocon

Aparentemente, foi Dante quem fez a primeira "charge" com Maomé. Imagino se agora que descobriram isso ele deixará de ser ensinado na escola.

Meu alter-ego pergunta:

- Ensinam Dante na escola? Não me ensinaram Dante na escola. E nem na sua.

Vai ver é por isso que não gostam de charges com o Maomé.

E se alguém vier dizendo que Dante podia tirar com Maomé só porque era Dante, respondo: como vou saber se não sou o novo Dante se eu não posso tirar com o Maomé? Vai ver era nisso que os Dinamarqueses tavam pensando.

A revista é "da" Opus Dei. E daí?

quinta-feira, abril 13, 2006

American Chopper: 15a temporada

Não perca na 15a temporada de American Chopper:

- Paul Jr. Jr. invova a construção de motocicletas na criação da moto viagra. "Ei Vinnie Jr. seria legal fazer um tanque meio exagonal e pintar de azul."

- Monica Lewinsky encomenda a moto Casa Branca.

- Especial de Páscoa: não perca a moto do coelhino.

- Mikey se esforça para terminar seu vício em frango frito.

- Paul Sr. faz mais um implante de cabelo.

- A equipe da OCC comemora é milésima moto baseada em um tema militar.

- Season finale: Paul Jr. explode e amaeaça matar o pai, como no final da 11a temporada. O que vai acontecer?

quarta-feira, abril 05, 2006

Cretinices (porque algumas coisas não mudam)

Ibmec-SP, sala Eugênio Gudin; quarta-feira, 05/04/2006, 16:15.

PROFESSOR: Então, estava lendo o novo livro do Douglass North e resolvi trazer essa citação...
ALUNO 1: Ele tá vivo?
ALUNO 2: Não, o livro foi psicografado.

quinta-feira, março 30, 2006

Adolescentes em frenesi descontrolável

Li que entre as novidades apresentadas pela Panini na ocasião da renovação de seu contrato com a Marvel Comics, a casa de idéias, está isso aqui:

"Women of the X-Men, graphic novel escrita pelo veterano Chris Claremont e ilustrada pelo premiado artista europeu Milo Manara."



Kevin Smith, eu e milhares de meninos de 14 anos que não tiveram a
oportunidade de transar com a professora agradecem.

sexta-feira, março 24, 2006

terça-feira, março 21, 2006

Reponsabilidade social

Você tem quatorze anos mora na Florida e sua professora (foto abaixo) quer ter sexo (e consegue) com você.



Yada yada yada e ela acaba processada. Não vou escrever mais nada só me auto-referir. Há algo de muito estranho nessa situação.

segunda-feira, março 20, 2006

Só pra tirar a poeira

O fato é que as coisas começam no Harry Potter e terminam no Jack Johnson. Uma descendente apenas, contínua. Quando menos se espera: prévias do PMDB, viagens, entregas um tanto desagradáveis, ou algo que faça sentido. Eu, particularmente, prefiro o Jack Jonhston.