sábado, julho 29, 2006

Acertei, de novo

Bateram no meu carro. No sinal em frente à minha casa. Pouca coisa, só um amassadinho. Mas o porta-malas não abre (a fechadura enfiou-se para dentro ou algo que o valha).

Estou inclusive desenvolvendo a teoria de que meu inferno astral começa dia sete de abril. Ah é, meu aniversário é dia seis de abril. De qualquer forma, fiquem saltitando por aí achando que a vida é leve e fácil. Entrego estes versos a vocês:

(...)
Come away, O human child!
To the waters and the wild
With a faery, hand in hand,
For the world's more full of weeping than you can understand.



Yeats, naturalmente. É um trecho (o refrão, por assim dizer) de "The Stolen Child". Se, porventura, você leitor acha que entende qualquer coisa de poesia e nunca leu Yeats é melhor o ler. Eu não entendo nada de poesia e percebo sem esforço há mais nele do que na primeira geração modernista inteira do Brasil. Mas isso é guerra assimétrica.

Vou ficar aqui lendo Yeats e Brodsky e Pynchon ou então preparando a melhor apresentação de powerpoint de todos os tempos.

segunda-feira, julho 24, 2006

Acertei

E, desconfio, há mais por vir.

Agora deixem o papai descansar. Volto quando descobrir a resposta para essa charada, talvez antes, talvez depois, talvez nem isso:

""God," she said, "it's Ploy again. Ploy was now an engeneer on the mine sweeper Impulsive and a scandal the length of East Main. He stood five feet nothing in sea boots and was always picking fights with the biggest people on the ship, knowing they would never take him seriously. Ten months ago (just before he'd transferred off the Scaffold) the Navy had decided to remove all of Ploy's teeth. Incensed, Ploy managed to punch his way through a chief corpsman and to dental officers before it was decided that he was in earnest about keeping his teeth. "But think," the officers shouted, trying not to laugh, fending off his tiny fists: "root canal work, gum abcesses. . . ." "No," screamed Ploy. They finally had to hit him in the bicep with a Pentothal injection. On waking up, Ploy saw apocalypse, screamed lengthy obscenities. For two months he roamed ghastly around the Scaffold, leaping without warning up swing from the overhead like an orangutan, trying to kick officers in the teeth.

He would stand on the fantail and harangue whoever would listen, flannelmouthed through aching gums. When his mouth had healed he was presented with a gleaming, regulation set of upper and lower plates. "Oh God," he bawled and tried to jump over the side. But was restrained by a gargantuan Negro named Dahoud. "Hey there, little fellow," said Dahoud, picking Ploy up by the head and scrutinizing this convulsion of dungarees and despair whose feet thrashed a yard above the deck. "What do you want to go and do that for?"

"Man, I want to die, is all," cried Ploy.

"Don't you know," said Dahoud, "that life is the most precious possession you have?"

"Ho, ho," said Ploy, through his tears. "Why?"

"Because," said Dahoud, "without it, you'd be dead.""

(Thomas Pynchon, V.)

Metáfora

Esse negócio de poesia sem métrica e rima é voleibol na segunda série (do primário). A bola é gigante, pode quicar três vezes, cada lado da quadra tem 12 pessoas... Enfim, só tem graça se você tem menos de 8 anos de idade.

Leia agora, concorde depois

A maior esperteza dos totalitarismos do século XX foi a personalização de seus líderes. Principalmente se for considerado o fato de que eles acabaram. Hoje, os comunistas se limpam das atrocidades da União Soviética jogando a culpa em Stalin. Do mesmo jeito que o grande vilão da Segunda Guerra foi Hitler, e não o Nazismo-Fascismo. Daqui a vinte (vinte?) anos a culpa será do Lula, do Chavez e do Morales; ninguém vai querer falar do espírito totalitário desses três.

Percebam, tolinhos, que não importa o nome do líder: o Caminho da Servidão plenamente percorrido (perfeito) descamba em atrocidades. É sua essencia. Enteléquia.

Desculpem-me

Odeio fazer isso, me rebaixar assim, mas não vai ter jeito...

No Reply
(Lennon)

This happened once before,
When I came to your door,
No reply.
They said it wasn't you,
But I saw you peep through your window,

I saw the light, I saw the light,
I know that you saw me,
'cos I looked up to see your face.

I tried to telephone,
They said you were not home,
That's a lie,
'cause I know where you've been,
I saw you walk in your door,

I nearly died, I nearly died,
'cause you walked hand in hand
With another man in my place.

If I were you I'd realize that I
Love you more than any other guy,
And I'll forgive the lies that I
Heard before when you gave me no reply.

I've tried to telephone,
They said you were not home,
That's a lie,
'cause I know where you've been,
I saw you walk in your door,

I nearly died, I nearly died,
'cause you walked hand in hand
With another man in my place.

No reply, no reply.

Males do mundo atual

Outro dia me disseram: "Sabe, você tem que aprender a respeitar a opinião dos outros." No que eu respondi: "Não se ela for estúpida." O grande problema do relativismo que nos assola é justamente esse, por axioma toda opinião é válida, inclusive as autocontraditórias e (principalmente) as estúpidas. É o fim da razão. E olha que ela sempre foi um tanto quanto limitada.

Sempre que me recomendam respeitar a opinião dos outros eu me imagino num futuro próximo dentro de um tribunal penal suplicando: "Mas, meritíssimo, na minha opinião ele devia levar um tiro." No que ele julga, portanto, improcedentes minhas acusações.

sexta-feira, julho 21, 2006

Foto


Essa foto foi minha prima quem bateu, presumo. Eu gostei. É um elogio todo especial, se considerarmos que esse que escreve considera um desperdício de máquinas fotográficas todas as fotos que retratam objetos inanimados ou seres animados que não mulheres atraentes sem roupa. Ela, a foto, resume meus dias nesse mês (so far).

Mas o leitor é espírito de porco e responde: "Mas você não deixa seus livros assim, odeia quando eles se deformam".

É verdade. Mas vá tomar no cu leitor espírito de porco.

quinta-feira, julho 20, 2006

Relatividade

Grandes momentos da carreira de Tom Jobim:




Pequenos momentos da carreira de Frank Sinatra:

quarta-feira, julho 12, 2006

Dostoiquem?

Esse post é pra você, que fica sempre achando que o que eu escrevo é sobre você e tudo mais. Seu dia chegou, querida amiga! Desculpe-me pelo sarcásmo, não consigo evitar. Mas como você perceberá nas próximas linhas, esse texto não é mais do que algumas discordâncias menores, que (talvez indevidamente) escolhi por externar aqui para abrir a discussão, espero que não se importe. E não é só com você, também com alguns professores meus. Mas nada a ser levado pro pessoal.

Meu caríissimo professor Carlos Mello por vezes argumentava que um aluno do ensino médio não tinha a maturidade para entender o que significam os olhos de ressaca de Capitu. Do mesmo jeito que você considera pedantismo ler Fausto no colegial. A validade dessas argumentações existe mas é restrita. Por que?

Porque os grandes livros são aqueles que uma vez lidos deverão ser relidos e relidos e relidos. São aqueles que nunca terão seu sentido esgotado. São aqueles que em cada nova leitura há algo de novo. Não faz sentido, portanto, achar que ler aos vinte anos é melhor que aos quinze. Mesmo que aos quinze o leitor tenha capacidade total de aproveitar a leitura e ela não se altere até os vinte, uma nova leitura aos vinte será necessária. E outra aos trina e assim por diante.

Porque o melhor jeito para nunca se ler um livro é começar a o fazer e parar devido a sua dificuldade. Se a leitura foi fácil, provavelmente não adicionou muito. E é justamente esse o objetivo da leitura: adicionar. Afinal as pessoas não sentem prazer no ato mecânico de ler. E essa não é só minha opinião, Mortimer J. Adler já escreveu sobre isso.

Porque são os livros que nos alteram e não nós que alteramos os livros. Na verdade, não se sabe se existe maturidade para ler Fausto no colegial até se ler Fausto no colegial. Séculos atrás, se esperava dos adolescentes dominar completamente a gramática e a matemática, além de toda a filosofia clássica. E eles dominavam tudo isso.

Pedantismo não é ler Fausto no colegial. Pedantismo é achar que tendo lido Fausto no colegial não se é necessário voltar ao livro ou então que se poderá uma vez esgotar os temas contidos na obra.

Hey Hey

É triste, mas minha decepção com essa terra é tão grande que não acredito mais que os Garotas Suecas possam salvar o Brasil, como outrora acreditei.

Vai ver eles me surpreendem...

Não me convidaram pra essa festa pobre...

Mas eu to aqui de qualquer jeito. Agora é sério. A única coisa que me prende a esse país é a falta de recursos. Doce ironia. O Brasil já trilha o Caminho da Servidão. Fato.

Há três anos temos um governo que flerta com o totalitarismo: estrelinha vermelha plantada no jardim do Palácio da Alvorada, Conselho Federal de Jornalismo, compra do votos. Fiz graça, vocês não entenderam. Gastam um bilhão de reais em emendas pra eleger aquela anta do Aldo Rebelo à Presidência da Câmara dos Deputados, mas repassam pra São Paulo vinte e nove milhões de reais em segurança. Em 2002, repassaram duzentos e vinte e três.

O PCC não é uma grupo de crime organizado. É a nova SS.

Nomes

No Vietnã, um pai finalmente concordou em trocar o nome de seu filho. O menino de 19 anos (?!) agora atende pelo nome de Mai Hoang Long, o que significa Dragão Dourado. Aparentemente, no Vietnã é legal atender por títulos de filmes que passam na Sessão da Tarde.

O nome original do moleque provinha de uma lei segundo a qual o casal vietnimamita deve pegar uma multa de seis mil e quinhentos dong (hihihi) quando tem o segundo filho, hence Mai Phat Sau Nghin Riou. Para aqueles leitores que não têm fluência no vietnamita, eu traduzo: Mai Phat Sau Nghin Riou significa "Multa De Seis Mil E Quinhentos".

Abaixo mais três cidadãos (e cidadãs) vietnamitas que desejam trocar seus nomes:

-Ming Jing Xio Pan ("Mas Eu Queria Um Menino")
-Daing Nom Hoan Ling Ho Chi Minh ("Esse Você Não Mata Ho Chi Minh")
-Mai Hai Phong Xu ("Acho Que É Do Padeiro")

domingo, julho 09, 2006

Uma tautologia e uma falta de sorte

"O problema do câmbio flutuante é que ele flutua" (Antônio Palocci)


E eu digo: o problema de escrever as coisas é que as pessoas as lêem.

Para você ficar puto da vida

Tudo isso porque o Saudade do Presidente Figueiredo acabou.

Então, eu afirmo: oito em cada dez artistas brasileiros esquerdistas há vinte anos em bloqueio de criatividade desejam inconcientemente a volta da ditadura militar.

Bons tempos aqueles, as idéias vinham tão fácil.

quinta-feira, julho 06, 2006

Continuo (3)

Não me ocorreu ontem, mas a síntese do que se passava comigo estava menos propriamente em um conceito aristotélico do que na seguinte paráfrase shakespeariana:

Beware the ides of july.

Ok, o leitor, culto e inteligente, vai responder: mas não é exatamente nos idos de julho em que repousa essa sua apreensão. Eu vou dizer: não é mesmo, foi licensa poética.

Aliás, vocês têm lido o Terra à Vista? É uma iluminação, eu digo.

quarta-feira, julho 05, 2006

Continuo (2)

Decidi postar um poema para acompanhar o clima desse blog hoje. Tenho quase certeza que já o postei em algum lugar que não esse. Não me importo.

An Irish Airman Foresees His Death

I know that I shall meet my fate
Somewhere among the clouds above;
Those that I fight I do not hate,
Those that I guard I do not love,
My country is Kiltartan Cross,
My countrymen Kiltartan's poor
No likely end could bring them loss
Or leave them happier than before.
Nor law, nor duty bade me fight,
Nor public men, nor cheering crowds,
A lonely impulse of delight
Drove to this tumult in the clouds;
I balanced all, brought all to mind,
The years to come seemed waste of breath,
A waste of breath the years behind
In balance with this life, this death.


(William Butler Yeats)

Continuo

O post anterior me levou a esse pensamento, dessa vez positivo:

Se meu plano (não plenamente adotado, ainda) de me formar, fazer mestrado e em seguida partir para um doutorado no exterior der certo, nas eleições de 2010, se elas ocorrerem, eu não estarei no Brasil.

Nem tudo é desgraça.

Enteléquia

Nesse exato momento eu estou com aquele sentimento de que o mais prudente seria ir pra bem longe a ficar bem longe até o fim das férias. Ou do ano. Ou da década. O problema é que no atual momento existe um número considerável de conhecidos meus que estão bem longe. O que diminui (apenas um pouco, é verdade) os lugares bem longe para aonde eu posso ir. Também existe uma questão orçamentária. Nevertheless, deve ser um tanto enfadonho ir pra bem longe no Peru, ou no Casaquistão.

Enfim, esse sentimento de que ficar aqui até o fim do mês vai terminar em desgraça: eu não gosto dele. Já esteve por aqui outras vezes. Não direi quando, porque se eu o disser problemas ocorrerão. Eu costumo evitar problemas, às vezes.

Resumo: o ato de ficar aqui em julho plenamente realizado (perfeito) derivará em desgraça. Dia primeiro de agosto eu respondo pra vocês se estava certo. Aviso que não costumo errar quando sinto isso, infelizmente.

segunda-feira, julho 03, 2006

Loucura

O mundo está louco. A Volkswagen, de acordo com essa notícia, está desenvolvendo um carro auto-dirigível. É basicamente um Golf todo automático, que pode se auto-pilotar a velocidade de até 240km/h sem qualquer intervenção humana, hence auto-pilotar. O veículo é guiado por sensores laser e radares ligados a um computador de bordo e um sistema de localização por satélite. Atualmente, o protótipo está sendo testado por consumidores.

A loucura é esta: se o carro não precisa de gente para ser operado, por que está sendo testado por consumidores?

domingo, julho 02, 2006

Porque

Porque vamos todos morrer, fato. Porque a carne apodrece. Porque existe um conjunto de coisas materiais e passageiras, que se dissolvem; e um conjunto, uno, de idéias perenes e eternas, que compreende tudo. Porque o segundo conjunto contem o primeiro e o primeiro está apenas contido no segundo. Porque mataram Sócrates, e não apenas Sócrates. Porque o materialismo, como também o evolucionismo e o mecanicismo, é o suicídio do pensamento. Porque compreender a imanência e a trascendência implica, necessáriamente, entender a força desta e a fraqueza daquela. Porque há mais entre o Céu e a Terra de que sonham as vãs filosofias. Porque, enfim, eu não sou Horácio.

Sem título

Crise criativa (hah). Tentei escrever um post e dois emails hoje. Nenhum deles deu certo. Até os scraps do Orkut estão meio sem graça.

Não tenho certeza, mas eu acho que é a vontade de mandar todo mundo pro inferno (ok, as palavras eram outras) aliada àquela parte de mim que adverte contra mandar todo mundo pro inferno.