quinta-feira, agosto 31, 2006

Macacos me mordam

Eu não ia postar mais nada hoje mas li uma notícia que não havia como não comparilhar com vocês: Paris foi mordida por seu macaco!

Não direi mais nada. Deixarei os comentários para que possamos conjecturar sobre as causas da mordida e que façamos piadas piores que aquela do título (piadas melhores serão repreendidas sem misericórdia).

O post inteiro que podia ter sido e que não foi

Eu estava abismado em como aparentemente as pessoas não têm mais massa cinzenta entre suas têmporas e sim ar. Em como as pessoas estão se tornando pastéis de vento. Então eu escrevi algo como três parágrafos sobre Thomas Pynchon.

Mas daí eu decidi não publicar. Salvei como rascunho. Quem sabe um dia desses eu compartilho com vocês.

Mas que as atenções, as percepções e as escritas estão em uma espiral de irrelevância elas estão. E o pior: a poucos links de distância.

quarta-feira, agosto 30, 2006

Disco novo do Dylan (um poema concreto)

Disco novo do Dylan
Disco novo do Dylan
Disco no vo do Dylan
Vô do Dylan
Vó do Dylan
Nalyd od ovon ocsid
Modern Times
Modern Dylan
Dylan time
Dylan Thomas
Thomas Pynchon

terça-feira, agosto 29, 2006

Eu não gosto de você, mas do seu pai eu gosto

Se eu um dia encontrar o Chico Buarque na rua é justamente isso (o título) que eu direi para ele. Desconfio que ao invés de ficar bravo ele vai dar uma risadinha e se mostrar superior. O Renan, um professor do cursinho, fazia isso. Sujeitinhos desagradáveis.

Mas eu escrevo isso simplesmente porque o Reinaldo Azevedo está pautando meu blog (hehehehe), a Veja já fez isso uma vez. De qualquer forma, vou ver se mando um email pra ele propondo um web ring contra o Chico Buarque.

E os concretistas também. O Reinaldão algumas semanas depois disso descobriu que eles roubavam poesia de cartilha de beabá.

segunda-feira, agosto 28, 2006

We'll always have Paris

Este blog continua em sua cobertura da vida de Paris Hilton. Como percebido no post anterior, o objetivo, dada a estatura de Paris como artista, é entender melhor, via Paris, aquilo que se passa nas nossas vidas. Hoje, Paris nos ensina duas coisas de suma importância.

A primeira é sobre como escolher amigos. Paris, desconfiada, desenvolveu testes de bom gosto para seus amigos. Um deles consiste em Paris se vestir com duas roupas diferentes: uma horrível e outra maravilhosa (porque Paris não vestiria nada simplesmente feio ou simplesmente bonito) e em perguntar ao amigo em teste qual das duas é melhor. Se o "amigo" escolher a horrível: adeus amizade. Uma amiga minha retrucou que amigos são mais do que bom gosto, no que eu respondi que, no meu caso, amigos são bem menos do que bom gosto. De qualquer forma, se você está decidido a fazer besteira pouco importa o gosto do seus amigos. Se bem que no caso de bom gosto o estrago pode ser menor, mas ainda assim estrago. Enfim, pensei em usar a estratégia de Paris neste blog mas fiquei com medo de perder meu único leitor.

A segunda nos informa que Paris vai para o espaço em breve. É forçoso lembrar que, cedo ou tarde, todos iremos para o espaço; mas Paris pagou US$ 195 mil por um lugar na espaçonave que o bilionário inglês Richard Branson está construindo. Ao que tudo indica, Paris era fã de Guerra nas Estrelas e está muito empolgada com a viagem. The Wanderer também é fã de Guerra nas Estrelas, mas lhe faltam os dólares e lhe sobram os medos para entrar em uma espaçonave.

domingo, agosto 27, 2006

Meus problemas acabaram

E Auden ensina como vou me redimir de tudo que escrevi (e escreverei, talvez) aqui. Porque parar eu não pretendo, pelo menos enquanto ainda houver bile para despejar. Pelo menos enquanto esses macacos (e macacas!) de calça jeans que habitam o planeta continuarem a agir como macacos (e macacas, senhores! Macacas!).

"(...)
Time, that is intolerant
of the brave and innocent,
And indifferent in a week,
To a beautiful physique,
Worships language and forgives
Everyone by whom it lives;
Pardons cowardice, conceit,
Lays its honours at their feet.
(...)"
(W. H. Auden, In Memory of W. B. Yeats)



P.S.: Os versos são de 1939, ano da morte de Yeats, a íntegra pode ser vista aqui. Não preciso atentar para a elegância e concisão deles, e das palavras, e das rimas. Ademais, a expressão "macacos de calça jeans" não é originalmente minha. Foi retirada dessa bela resenha crítica acerca do mar, cuja leitura é fortemente recomendada.

sábado, agosto 26, 2006

Da política monetária e dos parênteses

A política monetária, dada a neutralidade da moeda, não tem poder sobre o crescimento do produto. Ela pode, contudo, gerar inflação.

Os parênteses não têm poder de aprimorar o texto. Eles podem, contudo, o estragar.

Hoje meu dia foi estragado por um parênteses. O leitor, estranhando, vai perguntar: "Mas como você, Luiz, se deixa ter o dia estragado por um parênteses?"

Respondo: caro leitor, era muito querido aquele quem preecheu os parênteses. O os preencheu com um conteúdo tão desprezível... É a vida, caro leitor.

terça-feira, agosto 22, 2006

Estética

A Paris Hilton disse que chora quando ouve seu disco. Eu nem sabia que ela havia gravado um disco, mas imagino que se, porventura, o ouvisse também choraria.

O grande artista faz justamente isso, transmite as emoções subjetivas por meio de sua obra.

E se vocês acharem que eu estou sendo irônico digo que pagaria mais por um ingresso da Paris Hilton que do Chico Buarque.

domingo, agosto 20, 2006

Peço desculpas

"Falar a verdade só me trouxe problemas. Eu queria dizer aos cidadãos de bem que, no Brasil, não vale a pena contar a verdade." (Francenildo Costa, o
famigerado caseiro de Brasília, na Veja desta semana)



Diante deste fato, devo pedir desculpas a todos vocês. Eu que achava que a honestidade e a verdade valiam alguma coisa. Só tenho trazido problemas. Perdoem-me, por obséquio.

quarta-feira, agosto 16, 2006

Dica

O melhor caminho para o auto-engano é não fazer as perguntas de cujas prováveis respotas você tem medo.

"Ele me ama?"; Ela tá falando a verdade?"; "Isso que eu to fazendo é certo?".

No curto-prazo você fica um pouco menos angustiado. Já no longo-prazo... Bem, no longo-prazo estaremos todos mortos.

domingo, agosto 13, 2006

Desconcerto

O mundo apodreceu. No nível micro e no nível macro. A podridão começa nas pessoas que você conhece e vai aumentando, ganhando em organização e complexidade. No fim, ela abrange os facções criminosas, os grupos terroristas, os partidos políticos e os Estados. Mas ela começa nas pessoas, entendem? É uma questão de microfundamentos.

É claro que não somos todos podres no nível individual. Não há apenas um agente representativo. E as últimas semanas me lembraram disso. Contudo, me lembraram também que estamos perdendo essa guerra.

Força, amigos. Força!

sexta-feira, agosto 11, 2006

Farewell

Meu cão morreu. Pobrezinho. Ele era melhor que todos vocês juntos. Ele era calmo, honesto e (por que não?) ponderado. Gostava de ficar quieto consigo mesmo, mas não dispensava uma boa companhia: sabia na dose certa os perigos da abdicação da individualidade. Podiamos atrapalha-lo enquanto comia que ele não se importava, na pior das hipóteses ia para longe e espeava que deixessemos sua tigela. Era contido, um samurai.

Os idiotas dizem que os gatos são mais inteligentes que os cães. Não é verdade. Os cães apenas parecem menos inteligentes que os gatos porque são honestos, fiéis. Cães não guardam segredos. São bons, ao contrário dos gatos, das serpentes e das pessoas humanas.

Peço-lhe desculpas, Astro. Daquelas que são estúpidas porque chegam tarde demais. Você não merecia o dono que teve. Certamente, era lhe cabido alguem melhor.

Ficam as saudades e o sentimento de que aqueles que importam estão todos dirigindo-se a algum lugar melhor.

quarta-feira, agosto 09, 2006

Conspiração

Sobre A Queda: As Últimas Horas de Hitler:

"O filme é acusado de humanizar Hitler. Afinal, mostra o führer cumprimentando a secretária e agradecendo a cozinheira. As pessoas são tão mal-educadas hoje em dia que o sujeito não pode nem mais dizer obrigado sem se tornar mais humano. Na verdade, Hitler é retratado como um louco. Vê traições em todo lugar, dá ordens a exércitos que não existem, condena Berlim à destruição e diz que o povo alemão merece a morte. Muito humano, indeed."




Ainda assim, mesmo que o filme humanizasse de fato Hitler, seria correto. Demonizar esses homens, mostrá-los como loucos só desviam do fato de que eles (Hitlers, Stalins, Mussolinis) são tão homens e tão falíveis como qualquer outro ser humano. Mas não é esse meu ponto.

E se as traições que Hitler percebia entre seus homens fossem de fato verdadeiras? Afinal, é bem provável que dentre aquela cúpula do exército alemão realmente o tivesse traindo. Já havia ocorrido antes.

Chesterton dizia que o louco é aquele que perdeu toda sua humanidade, exceto a razão, e nela se apoia firmemente. Se for dito ao louco "Você não é Napoleão," uma resposta perfeitamente racional é "É claro que você não vai admitir que eu sou Napoleão. Vocês estão todos conspirando contra mim!"

O triste é que, porventura, o louco seja mesmo Napoleão.

terça-feira, agosto 08, 2006

(Not so) Instant karma

Isso aqui me pos a pensar. Digamos que Maurinho seja um jovem perseverante. Contudo, os pais de Maurinho são muito displicentes com a educação cedida ao seu filho. Esse fato somado à habilitdade natural de Maurinho conviver bem com delinquentes vem a transformar o jovem (perseverante, lembremos) no grande chefe do crime organizado de seu país. Don Maurinho, obviamente, é culpado de uma quantidade obscena de crimes: assassinatos, roubos, extorsões, cooptação de parlamentares, espionagem industrial, evasão de divisas, sonegação fiscal, dirigir em alta velocidade, falsidade ideológica, formação de quadrilha, tráfico de drogas, tráfico de armas, agressão, vandalismo, destruição de propriedade pública. Enfim, digamos apenas que os crimes da categoria "tentativa de" são tanto um absurdo para Don Maurinho quanto o aborto o é para um conservador cristão.

Como não poderia deixar de ocorrer, Don Maurinho morre. A causa mortis é irrelevante. Outrossim, é relevante o fato de que Maurinho reincarna como um parasita pubiano em lutador de sumô. O carrapato Maurinho não se lembra de seus crimes da vida pregressa, mas ainda é perseverante. Esse fato aliado à incapacidade de lutadores de sumô observarem com cuidado seuas "vergonhas" leva Maurinho a matar aquele que muito bem poderia vir a ser um grande lutador de sumô.

A questão que coloco é esta: Maurinho por apenas ser um carrapato perseverante reincarnaria em um animal de status karma-superior?

segunda-feira, agosto 07, 2006

A condição humana, ainda

Primeiro sobre a solidão, que não é simplesmente estar sozinho. Pode-se estar solitário rodeado de muitas pessoas, as erradas. E as certas, meu caro, são das mais difíceis de encontrar. E quando as se encontra, nada garante que estarão presentes nos momentos de solidão.

Segundo sobre a lucidez, que contraintuitivamente não aparece de súbito, mas goteja como a paz em Innisfree. Para os lúcidos isso é muito desconfortante. Não se sabe se a lucidez continuará gotejando nem se pode tentar doa-la para aqueles que a precisam.

I'll keep wandering.

quinta-feira, agosto 03, 2006

Wondering wanderer

A despeito disso e disso, os últimos dias de julho foram muito bons. Transbordaram inclusive pro início de agosto. Evidentemente, me deixaram pensando na condição humana. As segundas-feiras e Bubbaloo Banana (o chiclé cheio de sabor) também têm esse efeito em mim.

Ah é, condição humana. É difícil pensar nisso sendo filho de um século de totalitarismo, de campos de concentração; mas o bem existe no homem (e nas mulheres também!). E eu acredito que existem alguns lugares bons para o procurar, e provavelmente, o encontrar. Não vou entregar o ouro assim de graça para vocês. Pensem aí.

P.S.: Esse blog não foi clonado. Provo esse fato com a seguinte afirmação: só brasileiro pra pegar mais de 30 reais pra ir em show do Chico Buarque.