"A semana começa com um papo com a funkeira "patricinha" MC Perlla na segunda-feira (26), às 13h. Depois de emplacar o hit "Tremendo Vacilão" (ouça aqui) na coletânea do DJ Marlboro, Perlla promete abalar com o CD de estréia "Eu Só Quero Ser Livre". O disco traz 14 faixas, entre elas "Totalmente Demais", tema de Helen, personagem de Taís Araújo na novela "Cobras e Lagartos", da TV Globo, e o cover de "Tudo Bem", de Lulu Santos. Perla da Silva Fernandes, a MC Perlla, tem 17 anos e começou a cantar aos 4 anos numa igreja evangélica. Aos 15, conheceu os produtores Mãozinha e Umberto num estúdio e a partir daí começou a trilhar sua carreira."
Terça-feira às 19:00h, na Fnac Pinheiros, temos Bruno Tolentino num bate-papo com Reinaldo Azevedo, marcando o lançamento do novo livro do poeta: A imitação do amanhecer.
Deixo os leitores (vocês dois) a especular qual desses eventos presenciarei. Mas deixo uma dica: amostras da obra de Tolentino e de MC Perlla.
Tremendo Vacilão
"Tirap tchuru, tirap tchuru ouá, ouá...
Tirap tchuru, tirap tchuru ouá...
Na madrugada
Abandonada
E não atende o celular
Tirando onda
Cheio de marra
Achando que eu vou perdoar
Pra mim já chega
Eu tô bolada
Agora quem não quer sou eu
Não te dou bola
Tu senta e chora
Porque você já me perdeu
(Refrão)
Deu mole pra caramba
Tremendo vacilão
Tá todo arrependido
Vai comer na minha mão
Pensou que era o cara
Mas não é bem assim
Agora baba bobo
Vai correr atrás de mim" (MC Perlla)
Um Prelúdio
"Amadureci aos poucos
cresci muito devagar
como os álamos e os loucos
e acabei indo morar
na Casa dos Homens Ocos,
um charco pardo ao luar
entre o tempo morto, os roucos
rugidos do vento e do mar.
Lá se vive sem querer
lá ouvi uma elegia;
dou-a aqui tal qual ouvia-a
ao cair do entardecer
sobre a charneca vazia,
os pântanos que há no ser." (Bruno Tolentino, n'A Balada do Cárcere)
3 comentários:
começou a cantar numa igreja evangélica?
O.o
q massa hein?
Bruno Tolentino é um poeta simplesmente genial.
Esse poema dele é prova disso. Enquanto a maior parte da classe de poetas do Brasil faz questão de produzir apenas lixo, temos essa honrosa exceção a nos agraciar com seu talento e profundidade.
Seus poemas me tocam como nenhum outro, especialmente esse que você postou. Gosto particularmente da segunda estrofe: o eu-lírico, contrariando as convenções decadentes de nosso século, perdido em meio à madrugada, se nega a atender o celular, e frustra as expectativas ilusórias de perdão (redenção?) de um mundo que, cheio de marra como é, esqueceu-se de si e é capaz apenas de "tirar onda".
O refrão chega como um novo soco no estômago do status quo "vacilão" (que vacila). Ainda assim, em uma nota de esperança, somos assegurados de que o perdão virá, desde que coma-se na mão e corra-se atrás do que se perdeu-desconstruiu. A única alternativa que resta ao tu-outro ("Tu quoque, Brute") é sentar e chorar, ou ainda, anti-autofagicamente, babar.
Sem dúvida Tolentino é uma luz na poesia, não digo nacional, mas mundial.
Quanto ao vulgar "prelúdio" da funkeira de quinta categoria, só tenho a lamentar. Que fique restrito às baladas "do cárcere" da noite carioca (a que níveis de baixeza descem essas baladas!).
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